As minhas carpideiras
"Óh dia ! Óh céu! Óh azar... Isso não vai dar certo!" Quem foi criança nos anos 60 e 70 sabem de quem eu estou falando. Quem não foi já deve ter ouvido essa expressão de alguém mais velho.
Hardy Har Har, a hiena coadjuvante do leão Lippy nos desenhos animados da Hanna Barbera era uma pessimista irrecuperável. Talvez tenha feito mais sucesso que o próprio protagonista das aventuras. Lippy sempre cheio de planos mirabolantes. Hardy sempre resmungando. Como uma boa anti-hiena nunca ria.
Eu tenho encontrado vários Hardys pela vida, um grupo especial deles eu comecei a denominar de carpideiras. A carpideira é uma mulher que, mediante pagamento , chora o defunto alheio. Nunca entendi muito bem a lógica disso, fico imaginando que o defunto deveria ser tão ruim que a família preferia contratar lágrimas mercenárias para compensar as inexistentes. Mas já imaginei algumas negociações. O choro custa X por hora, mas o senhor pode adquirir o plano Gold que dá direito a gritos e um desmaio.
Minhas carpideiras conseguem atingir o ápice de combinar sua função clássica de chorar o tempo todo e ainda imprecar contra qualquer sugestão de como poderiam resolver seus problemas. São as carpideiras Hardy.
Elas não querem solução. Aliás, nem solidariedade, só querem mesmo chamar a atenção e distrair as pessoas do foco dos assuntos. Quando confrontadas ou desmentidas apelam para ignorância e começam a xingar.
Elas se proliferam. Estão nos grupos de discussão, nas comunidades, nas palestras, nas escolas, nas ruas. Me surpreende que ainda não tenham aparecido por aqui.Tenho certeza que é só uma questão de tempo.
Existem carpideiras em todas as especialidades. As do marketing são notórias pela expressão : "alguém já fez e não deu certo". As da educação nunca se acham preparadas para nada e, além das desgraças em que foram jogadas, ainda são mal pagas. As da inclusão preferem o estilo "não comi e não gostei" e, como, geralmente, estão ligadas a uma pessoa excluída, além do pessimismo usam seu choro como um recurso de conquista de comiseração (se a pessoa excluída ainda é uma pessoa com deficiência esse recurso é levado ao limite da dó).
As carpideiras religiosas tentam legitimar suas previsões de desgraças jogando a culpa nas costas largas do seu "deus". As que não crêem a lançam no inexorável destino de todas as coisas (seja lá o que isso quer dizer). As que não são nem religiosas, nem fatalistas, colocam a culpa no governo.
Apesar do termo ter sua origem no feminino, isso não quer dizer que os homens estejam imunes aos carpideirismo Hardy. Não são poucos os exemplares do sexo masculino.
Talvez não seja muito educado (como eu já sou reconhecido como um ogro mesmo isso não faz diferença nenhuma) mas o caminho que eu encontrei para lidar com elas é a da total indiferença. Exatamente o que você pensou : desprezo, desdém, desconsideração. Claro que elas reagem chorando mais alto, o que não impede que eu deixe o som entrar por uma orelha e sair pela outra. Afinal, só a pessoas de cabeça oca não conseguem fazer isso - o som não se propaga no vácuo.
Comentários
em tempo, não li e não gostei, assisti ao 5 minutos iniciais do filme...não aguentei mais que isso..
bijo, rindo, mesmo pq sou feliz
O que? Desculpe, hoje não vai dar. Estou com uma baita dor de cabeça, deve ser minha enxaqueca atacando de novo, sem falar no azar das quartas-feiras...depois eu ligo, quando a LER tiver melhorado, agora estou comentando no blog do Adiron. Mil desculpas...
Onde estava mesmo? Ah! Lembrei Falava-lhe desse dia magnífico...
Abraços!!!
Mal : essa turma não lê nem livro de auto-ajuda (imagina se precisam)
Lou : não chore ainda não...
Sandra : coloque em prática, é uma questão de sobrevivência
Vilma : quase cair de rir aqui, seu comentário deveria ser um texto do blog.
Ronnie : seja bem vindo, volte sempre