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Mostrando postagens de 2016

Um ano de perdas

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Eu sei, todos anos nascem pessoas e morrem pessoas. E nós nem sabemos disso, exceto por aqueles mais próximos de nós. Nesse ano tive apenas uma pessoa mais próxima que se foi. E pouquíssimos nascimentos entre conhecidos. Do ponto de vista de herança cultural, no entanto, foi um ano terrível. Muitos se foram. Alguns, provavelmente, a seu tempo. Outros, cedo demais. Janeiro começou bem mal. David Bowie, o camaleão que me ensinou que é possível mudar de estilo sem perder a qualidade. Pierre Boulez, um gigante entre os maiores. Ettore Scola, que me fez dançar os mais variados ritmos no “Baile”. Em fevereiro, Umberto Eco, uma das melhores lembranças dos tempos de faculdade e que perpetuou nas minhas estantes em todos os anos depois disso. Em março se foi George Martin. E só quem é beatlemaníaco como eu é capaz de entender o que ele representou para a minha geração. Também em março Keith Emerson (meses depois, em dezembro, foi a vez de Greg Lake), de qualqu

Uma frustração genial

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A vida é uma comédia escrita por um comediante sádico (Bobby Dorfman, personagem principal) Café Society é um filme frustrante. E é genial justamente por isso, um filme cujo desenrolar vai frustrando cada uma das nossas expectativas sobre os desfechos da trama principal e de cada uma das subtramas. Inclusive os desfechos que o próprio Woody Allen nos ensinou a esperar em outros filmes seus. Alguns vão dizer que é um filme menor. Talvez seja mesmo. De qualquer forma, um filme menor de Allen ainda é melhor do que a grande maioria das tranqueiras que são exibidas nas telonas e telinhas. O argumento do filme é bastante simples. Não tem nenhum ator saltando da tela nem nenhum personagem viajando no tempo. Nem camaleões. Os personagens são seres críveis que vivem situações corriqueiras e têm sentimentos comuns a qualquer outro ser humano. Até os bandidos são bandidos comuns. Não há nenhum ator ou atriz de beleza estonteante. Os atores dão a impressão de serem

As moscas estão vencendo

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Quem sabe um mínimo de história (infelizmente são poucos), sabe que a política sempre viveu de jogos de interesses, manobras legais ou não, golpes baixos e alianças espúrias. Sem contar o uso de venenos, traições e manipulação de grupos de suporte. Assim como sempre foi financiada por grupos que lucram com as suas práticas e sustentada por massas de ingênuos e idealistas que acreditam que líderes políticos podem transformar o mundo. Não é à toa que Monteiro Lobato já definia a política como uma gamela cheia de estrume onde se nutrem grupos de moscas. Alternam-se as moscas, mas o estrume continua sempre o mesmo. Eu sou daqueles que entendem que, sem mudar o conteúdo da gamela pouco importa a cor das moscas que a sobrevoam. Justamente por isso que sou contra as moscas domésticas, varejeiras, de fruta, de estábulo, do vinagre, típulas, crisopas, de enxame, amarelas e, até mesmo, contra as moscas brancas. Em momento em que as pessoas se sentem obrigadas a se incorpor