O masoquismo das Quintas

Quem acompanha esse blog já deve ter percebido que eu sou um melômano. Também descobriu que eu tenho outras manias, mas essas não vem ao caso, pelo menos agora.

Por isso que as minhas 5as feiras são dias de sofrimento. Me explico melhor.

Aqui em São Paulo temos uma coisa chamada rodízio de veículos. Uma vez por semana o carro não pode rodar na cidade. Para poder trabalhar eu troco de carro com o meu sogro. E o aparelho de CD do carro dele não funciona já há algum tempo.

Me resta o rádio. E começa o meu suplício. Sem música eu não sobrevivo. Com o repertório das rádios, corro o risco de suicídio sem assistência.

Antigamente a rádio Cultura me salvava. Mas os atuais programadores resolveram ser moderninhos e só tocam compositores obscuros do séc XVII ou similares do séc XX. Aí você descobre porque eles se tornaram obscuros. São chatos. As demais rádios que costumavam ser viáveis estão cada vez pior. Toca de tudo, menos música. Quer dizer, eles chamam aquilo de música, eu não.

Com raras e muito esporádicas exceções, nem as brasileiras, nem as estrangeiras, lembram remotamento do que seja melodia. Acho que não perceberam que o samba de uma nota só era repleto das demais notas, e misturam alhos com bagulhos.

A harmonia então é de doer. Saudades do tempo que falavam mal do rock´n´roll por esse estar baseado em 3 acordes. Três acordes, atualmente, é um luxo que nenhuma delas tem. Tem um, e olhe lá, deve ser Lá maior que o acorde mais fácil de se tocar na guitarra ou no violão.

Ritmo todas tem. O mesmo. Chama-se baticum. Inevitavelmente com uma bateria programada para não sair da mesma batida (será que podemos chamar de batuque contínuo?) e um contrabaixo executando um feijão com arroz sem sal.

Nesse deserto eu tento prestar mais atenção às letras. Vã esperança. Melhor prestar atenção no palavrão que o motorista da frente arremessa em mais um motoboy abusado. É mais rico semanticamente.

Isso quer dizer que a música chegou ao fim? De forma alguma. Continuo comprando discos de excelente qualidade. De músicos consagrados e de outros desconhecidos. Existe muita coisa boa sendo produzida. Mas parece que as rádios desconhecem completamente o fato.

Estou começando a achar que, apesar de abominar fones de ouvido, eu vou ter de comprar um aparelho de MP3...

Comentários

Vá correndo comprar seu aparelho de mp3

beijos de sábado

Vilma
Unknown disse…
Até meu pai já tem um iPod!!! rsrsrsrs

Beijos musicais
clau disse…
Caso de policia, n'é mm?...
Eu que sou super eclética com (quase)tudo, nao suporto este lixo todo que descarregam nos nossos ouvidos. Sò pq parece que estao chamando a gente de idiotas. No minimo!
Entao, passo o dia escutando seleçoes que fizemos, seja no computer ou seja la como for.
Radio...!? Foi-se o tempo que dava para se ouvir.
Bjs!
Anônimo disse…
Simples....Renove, o rádio do carro de quinta-feira.hahahah
E faça várias pessoas felizes.
bjs
Bel disse…
Tá atrasadinho, né? Corre e compra logo. Pelo bem da sanidade mental!

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Mais ditados impopulares