Conticulóides alados

Columbiformes

Eles adoravam demonstrações públicas de afeto. Viviam de mãos dadas. Trocavam beijos e afagos onde quer que estivessem. Chegavam mesmo a constranger amigos e parentes. Eles nem davam bola para isso. Até o dia em que ela se empolgou e lhe lascou uma tapa nas nádegas em plena festa de aniversário de uma tia. Recebeu de volta um direto no queixo. Uma semana no hospital e três dentes perdidos.

Estrigiformes

De uma hora para a outra José começou a exagerar nos adjetivos quando se referia a Lúcia. Não que ela não tivesse qualidades, mas nem ela achava que era tudo aquilo. No dia da oficialização do noivado ela concluiu que era um caso de metamorfose. José, ao invés de lhe dar um anel, ofereceu um rato morto. Ela não pode recusar.

Lepidópteras

Sandra adorava se bronzear. Mas detestava os protetores solares, por isso vivia coberta de escamas e a pele variava de cor de acordo com a maior ou menor incidência dos raios solares. Provocou uma paixão avassaladora em um pintor que se encantou com as suas possibilidades cromáticas.

Anisópteras

Valéria era magrinha e irriquieta. Jorge, seu marido, meteorologista identificou nela uma fonte de informações. Quando estava muito acelerada era certo que o sol brilharia. Se diminuísse muito o ritmo, a chuva estava chegando. Em dias de céus nublado alternava comportamentos. Um dia Valéria, transtornada brigou com o marido e foi embora. Uma semana depois chegou o furacão.

Ciconiformes

Toda vez que se sentia ameaçada Beta pintava as unhas de vermelho intenso. Mário já sabia disso, quanto mais forte o rubro das unhas, mais cuidadoso ele precisava ser. Uma distração acabou com o romance. Vendo-a sem tinta nas unhas ousou além da conta. Não percebeu que sobre a mesa a esperava um vidro de vermelho cádmio.

Comentários

Virginia disse…
Bem que as corujas podiam gostar de coisas mais agradáveis :P Beijos primo!
Adorei a do esmalte, vou pintar minhas unhas de vermelho, quem sabe funciona, rs
beijos de sexta
O Tempo Passa disse…
Este blogue é um saco. Toda vez que tem postagem, sei que vou consultar o google várias vezes pra conseguir entender o texto... Aumenta a cultura, mas dá um trabalho!!!
Fábio Adiron disse…
Virginia: pois é, eu descobri que levar uma presa morta é a forma d as corujas fazerem a corte.

Vilma: sempre é bom ter uma forma de sinalizar.

Rubinho: vou colocar no blog que insanidade também é cultura.
Raquel disse…
Podemos gostar de algo...ficar extasiado diante de um quadro abstrato,um texto denso...mesmo sem entendê-los.
clau disse…
Hihihi!
Consegui relacionar todas as estorias com alguém que conheço.
E assim, potencializou o divertido da coisa!
Bom fim de semana, Fabio!

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Mais ditados impopulares