O anel que tu me destes

Anita sentiu alguma coisa estranha na mão, e não era a grama do parque. Olhou para Rodolfo que não entendeu a sua expressão de surpresa.

Entendeu menos ainda quando ela se levantou do seu colo e começou a escavar a terra ao seu lado. Ficou olhando.

Nas mãos de Anita surgiu um aro de metal, parecia apenas uma arruela suja e enferrujada. Mas ela percebeu que era mais do que isso.

Apanhou a bolsa, tirou um frasco de sabonete líquido e um lenço de papel. Limpou cuidadosamente a sua descoberta e mostrou para Rodolfo.

Era um anel. Um anel de prata. Mais do que um simples anel. Era uma aliança, tinha alguma coisa escrita por dentro que nenhum dos dois conseguiu ler.

Pelo diâmetro ela concluiu que era a aliança de um homem. Por quê estava enterrada ali, perto do lago? Será que ele pensou em jogá-la na água e desistira?

Talvez uma última esperança? Se jogasse no lago estaria perdida para sempre. Enterrada junto a uma das árvores ele ainda poderia ir buscá-la caso a amada voltasse para ele.

Quem sabe.

Ela guardou o anel na bolsa mas, logo que chegou em casa pegou uma de suas lentes e foi ver o que estava escrito. Rodolfo também estava curioso e foi junto.

A inscrição trazia um nome. Boo. Provavelmente um apelido. Será que a mulher da aliança era parecida com a Boo do desenho animado?

Antes do nome o desenho de um coração. Depois do nome uma data: 27 de abril de 2008. Mal fazia um ano que o dono do anel o tinha recebido.

Anita e Rodolfo imaginaram hipóteses. Todas elas concluiam que o amor tinha sofrido um baque muito sério para o anel ter tal destino. Por que tão rapidamente?

Resolveram guardar o anel. Se para Boo e seu namorado tudo tinha acabado. Para Anita e Rodolfo aquele círculo representava mais um componente da conspiração que os unia.

Adotaram a aliança de prata como símbolo.

Eles que nunca tinham trocado alianças entenderam que não podiam ter uma cada um, mas um único círculo, sem começo nem fim.

Comentários

Juliana disse…
Sentimentos circulares costumam ser mais duradouros que metais circulares.
clau disse…
Ah...
Uma estòria singelissima de suspense com um final semi romantico e enigmatico: quer mais...!?
Bjs!
Ana disse…
Que romântico!!!

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Mais ditados impopulares