Contículo aliterado
Em homenagem a Cruz e Souza, autor da mais longa aliteração da língua portuguesa*
Valter sempre chegava de forma velada com sua voz de veludo incendiando a volúpia de Beatriz que, mesmo na brisa, balançava em beijos vorazes.
Suas formas alvas, formas claras, sua mágica presença eram cometas vagando brancos e velozes nos vórtices sentimentais dele.
Mulher de cama, de cana, de lama, anacronicamente bacana.
Em dias de velozes ventos eles voavam vulcanizados em meio a todos trons de trovôes, com a ajuda da chuva num vai e vem sem fim.
Tinham um jeito de homenagear a toda gente com girassóis nas janelas. Uma paixão que vinha vivendo o visto e vivando estrelas ** e os deixavam bebedérrimos de brilhantes borbulhas de bebidas belgas.
Mesmo nas horas louras e lindas nunca brincavam bravos, ainda em tempos de vãs berlindas passavam vendo das varandas as brandas alvoradas.
Como se fosse eterna a flanejante flor que floria às suas frentes. Mas um raio rútilo e rápido retalhou o romance.
No dia que Valter foi para os Estados Unidos, Beatriz se ocultou num convento onde orava e chorava dizendo : ai do amor que não anula as aliterações abusivas!
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes'
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas
Violões que choram... - Cruz e Sousa
** obrigado Guimarães Rosa.
Comentários
Abraços para ti
beijo