Bandido também não !
Nos anos 80 um dos livros do Roland Barthes estava na moda. Quando eu digo moda não estou me referindo aquela lançada pelas novelas ou pelos "féxion uíques" da vida. Estava na moda entre os leitores que se interessavam por linguística, estudantes de comunicação e suas variações, letras, ciências sociais. Aquele monte de gente estranha que, ao invés de estudar para ter uma profissão de verdade, preferia divagar sobre apocalípticos, integrados, paideumas e bestiários.
Ah... Voltando ao Barthes. O livro em questão era o "Fragmentos de um discurso amoroso" (que anos depois virou peça de teatro, nem imagino como, deve ter sido alguém daqueles estranhos que adaptou). Não só servia para estudar o fantástico mundo dos significados subjacentes aos discursos (gostaram ?? quando preciso eu falo bonito) mas também era usado por muitas pessoas como fonte de cantadas. Não sei o que era mais ridículo, quem dava a cantada usando Barthes ou quem a aceitava... (tudo bem ambos eram estudantes de comunicação)
Imagine seu amado ou amada lhe dizendo "eu não poderia decompor a expressão eu amo você sem rir, entre o eu e o você pende um elo lexical de afeição racional, amar não existe no infinitivo, a não ser por artifício metalingüístico...." e por aí vai. Romântico, não é mesmo ?
Apesar de nunca ter dado uma cantada barthesiana eu era (e ainda sou) um dos fãs do cara, foi com ele que eu aprendi a ler nas entrelinhas. E, dentre outros, continuo observando os discursos amorosos. Um deles me incomoda bastante. Não sei qual é a sua origem, se das revistas pseudo-feministas, dos livros de auto-ajuda ou dos consultórios virtuais de psicologia. Trata-se da história de dizer que o relacionamento precisa de cumplicidade.
Como assim cumplicidade ? Eu não sou cúmplice de ninguém ! Cúmplice, de acordo com o Aurélio é a "pessoa que tomou parte em um delito ou crime, co-autor". Mesmo numa definição secundária (e por extensão) é um parceiro, com sentido de sócio - que também não deixa de embutir algumas ações delituosas. Os meus relacionamentos não são criminosos. Podem ser permeados, dependendo de quem está do outro lado, por amor, amizade, confiança, conflito, desejo. Mas nenhum se configura como formação de quadrilha.
Você vai redarguir que eu acabei de postar aí embaixo que o amor é um palavrão (em inglês, a expressão "four letter word" se refere ao palavrão mais popular entre os gringos). E eu direi, no entanto, de palavrão a crime vai uma distância estelar.
Se quiser, pode esperar de mim uma coleção de atitudes insanas. Posso até tentar te ajudar a dar uma cantada barthesiana, por mais absurda que seja.
Mas nunca me peça cumplicidade.
Ah... Voltando ao Barthes. O livro em questão era o "Fragmentos de um discurso amoroso" (que anos depois virou peça de teatro, nem imagino como, deve ter sido alguém daqueles estranhos que adaptou). Não só servia para estudar o fantástico mundo dos significados subjacentes aos discursos (gostaram ?? quando preciso eu falo bonito) mas também era usado por muitas pessoas como fonte de cantadas. Não sei o que era mais ridículo, quem dava a cantada usando Barthes ou quem a aceitava... (tudo bem ambos eram estudantes de comunicação)
Imagine seu amado ou amada lhe dizendo "eu não poderia decompor a expressão eu amo você sem rir, entre o eu e o você pende um elo lexical de afeição racional, amar não existe no infinitivo, a não ser por artifício metalingüístico...." e por aí vai. Romântico, não é mesmo ?
Apesar de nunca ter dado uma cantada barthesiana eu era (e ainda sou) um dos fãs do cara, foi com ele que eu aprendi a ler nas entrelinhas. E, dentre outros, continuo observando os discursos amorosos. Um deles me incomoda bastante. Não sei qual é a sua origem, se das revistas pseudo-feministas, dos livros de auto-ajuda ou dos consultórios virtuais de psicologia. Trata-se da história de dizer que o relacionamento precisa de cumplicidade.
Como assim cumplicidade ? Eu não sou cúmplice de ninguém ! Cúmplice, de acordo com o Aurélio é a "pessoa que tomou parte em um delito ou crime, co-autor". Mesmo numa definição secundária (e por extensão) é um parceiro, com sentido de sócio - que também não deixa de embutir algumas ações delituosas. Os meus relacionamentos não são criminosos. Podem ser permeados, dependendo de quem está do outro lado, por amor, amizade, confiança, conflito, desejo. Mas nenhum se configura como formação de quadrilha.
Você vai redarguir que eu acabei de postar aí embaixo que o amor é um palavrão (em inglês, a expressão "four letter word" se refere ao palavrão mais popular entre os gringos). E eu direi, no entanto, de palavrão a crime vai uma distância estelar.
Se quiser, pode esperar de mim uma coleção de atitudes insanas. Posso até tentar te ajudar a dar uma cantada barthesiana, por mais absurda que seja.
Mas nunca me peça cumplicidade.
Comentários
Antes de mais nada...bem vindo às insanidades.
Well, se o termo cúmplice se limitasse à situação delituosa...ainda seria tolerável (por que não dizer, suportável, na correta acepção da palavra)
Agora, será que a fatalidade desses amantes foi pena por algum delito ?
Acredito que quando uma pessoa use esse termo para definir uma situação amorosa, queira apenas e tão somente dizer algo que defina ações compartilhadas pelos dois que ficam só entre os dois, mas imagine a cena, aliás, vc já imaginou várias no post de hj, do rapaz ou da moçoila, com aquele olhar apaixonadíssimo, quase murmurando dizendo: “amorrrrrrrr, as ações compartilhadas por nós dois, ficam só entre os dois"
Não é muito mais fácil, dizer-se cúmplices? O delito? Ah! Meu caro, do jeito que a humanidade anda, para muitos é crime admitir-se feliz.
Mas essa é apenas a visao de uma mulher...
bijim de malmal