Atualidades psicossomáticas
Foste ao teatro no ano passado e lá viste um filme de bang-bang. Não sei se entendeste a fita, mas ao virar a esquina começaste a dizer coisas estranhas. E o que é pior, ao passares por uma loja de armas ficaste olhando fixamente um três oitão que havia na vitrine.
No meio da noite acordaste. Saíste pela porta dos fundos, montaste na cerca e foste galopando pelo meio do asfalto. Ao chegar na tal loja, depois de atropelar duas capivaras e um pardal que estavam no teu caminho, atiraste uma côco-bomba no vidro e roubaste o revólver.
O primeiro assalto foi a um supermercado, como estavas sem munição roubaste três quilos de petit-pois e um quilo de banha de porco para lubrificar o cano da arma. Ao fugir, cobriste o vigia de tiros. Ele não se machucou, mas reclamou que as ervilhas estavam sem sal.
Em poucas semanas já estavas famoso pelo teus assaltos. E já te alcunhavam de Ervilha Kid. Os teus crimes, obtusos e cruéis, deixaram a cidade em completa euforia. Há muito não se registravam tantas mortes. Todos aguardavam ansiosamente pela tua visita.
Primeiro mataste o chefe dos jardineiros do paço municipal sufocado por mais de trinta e sete quilos, duzentos e cinqüenta gramas de soja. Em seguida enforcaste, com fios de tagliarini, toda a tripulação da única linha área local, que operava os serviços de vôo de urubu entre o estádio de futebol e a central do jogo do bicho.
Mas todos os crimes foram insignificantes perto do que fizeste comigo. Obrigaste-me a comer champignons até a morte, e tu sabias que eu detestava champignons. Foste realmente infernal. Sei que fizeste isso porque sabias que eu iria te perdoar.
Ontem foste ao cemitério para colocar estrume no meu túmulo. Tuas intenções são pérfidas, fazes crescer cogumelos junto à residência de minha alma para ver se prolongas o meu sofrimento. Além disso, ao deixar este meu hotel funesto avisaste ao coveiro que nunca deixasse faltar adubo junto à minha cova e que, se ele se esquecesse, tu o matarias a golpes de pirulito de genipapo. Ele jurou que não esqueceria mas, por via das dúvidas, tu levaste como penhor o seu baço e o dedo anular do pé esquerdo.
Hoje porém tu decidirás a tua sorte. O Cavaleiro Abóbora resolveu te enfrentar em praça pública e ele garante que te transformará num periquito no cio.
Meio dia. Chegou a hora do duelo. De um lado tu, com o três oitão carregado de jujubas de anis, montado em tua fiel e lastimável cerca viva. De outro, o sempre derrotado Abóbora Gun, cavalgando um pé de alface e, por ser carioca, com a pistola carregada de feijão preto.
Deste o primeiro disparo que pegou no pé de brócolis que estava em frente ao saloon. Ele tombou morto e saiu gritando impropérios imorais. O teu adversário revidou, atirando contra o cartaz de Coca Cola. Este, em represália, atirou-lhe uma latinha de refrigerante sem gás.
Esvaziaste os teus cartuchos em todas as direções, acertaste em tudo : nos ladrilhos do pet shop de paquidermes, na lâmpada da delegacia de estrupadores de baratas, na minhoca que estava convidando uma lesma para ir ao motel (e que ficou impotente depois de atingida), no relógio do convento dos padres fleurianos e na testa de um jabuti que estava visitando a cidade. Mas não atingiste o teu oponente.
Em compensação, ele foi tão feliz na pontaria quanto tu. O seu melhor tiro caiu dentro de uma garrafa de Vat 69 (é esse que é uma boa idéia ?) que estava sendo consumida por um casal de abelhas oceânicas.
A frustração foi geral. Tu sentaste no chão e começaste a chorar. O cavaleiro Abóbora, de raiva, batia o cotovelo num danoninho. Todos estavam estarrecidos com a situação.
Mas tu, como sempre, foste brilhante. Convidaste teu oponente para beber um trago e, depois de beberem três garrafas de cicuta envelhecida em barris de jacarandá, decidiram abandonar aquela vida de facínoras e abrir um bordel para jaguatiricas virgens.
No meio da noite acordaste. Saíste pela porta dos fundos, montaste na cerca e foste galopando pelo meio do asfalto. Ao chegar na tal loja, depois de atropelar duas capivaras e um pardal que estavam no teu caminho, atiraste uma côco-bomba no vidro e roubaste o revólver.
O primeiro assalto foi a um supermercado, como estavas sem munição roubaste três quilos de petit-pois e um quilo de banha de porco para lubrificar o cano da arma. Ao fugir, cobriste o vigia de tiros. Ele não se machucou, mas reclamou que as ervilhas estavam sem sal.
Em poucas semanas já estavas famoso pelo teus assaltos. E já te alcunhavam de Ervilha Kid. Os teus crimes, obtusos e cruéis, deixaram a cidade em completa euforia. Há muito não se registravam tantas mortes. Todos aguardavam ansiosamente pela tua visita.
Primeiro mataste o chefe dos jardineiros do paço municipal sufocado por mais de trinta e sete quilos, duzentos e cinqüenta gramas de soja. Em seguida enforcaste, com fios de tagliarini, toda a tripulação da única linha área local, que operava os serviços de vôo de urubu entre o estádio de futebol e a central do jogo do bicho.
Mas todos os crimes foram insignificantes perto do que fizeste comigo. Obrigaste-me a comer champignons até a morte, e tu sabias que eu detestava champignons. Foste realmente infernal. Sei que fizeste isso porque sabias que eu iria te perdoar.
Ontem foste ao cemitério para colocar estrume no meu túmulo. Tuas intenções são pérfidas, fazes crescer cogumelos junto à residência de minha alma para ver se prolongas o meu sofrimento. Além disso, ao deixar este meu hotel funesto avisaste ao coveiro que nunca deixasse faltar adubo junto à minha cova e que, se ele se esquecesse, tu o matarias a golpes de pirulito de genipapo. Ele jurou que não esqueceria mas, por via das dúvidas, tu levaste como penhor o seu baço e o dedo anular do pé esquerdo.
Hoje porém tu decidirás a tua sorte. O Cavaleiro Abóbora resolveu te enfrentar em praça pública e ele garante que te transformará num periquito no cio.
Meio dia. Chegou a hora do duelo. De um lado tu, com o três oitão carregado de jujubas de anis, montado em tua fiel e lastimável cerca viva. De outro, o sempre derrotado Abóbora Gun, cavalgando um pé de alface e, por ser carioca, com a pistola carregada de feijão preto.
Deste o primeiro disparo que pegou no pé de brócolis que estava em frente ao saloon. Ele tombou morto e saiu gritando impropérios imorais. O teu adversário revidou, atirando contra o cartaz de Coca Cola. Este, em represália, atirou-lhe uma latinha de refrigerante sem gás.
Esvaziaste os teus cartuchos em todas as direções, acertaste em tudo : nos ladrilhos do pet shop de paquidermes, na lâmpada da delegacia de estrupadores de baratas, na minhoca que estava convidando uma lesma para ir ao motel (e que ficou impotente depois de atingida), no relógio do convento dos padres fleurianos e na testa de um jabuti que estava visitando a cidade. Mas não atingiste o teu oponente.
Em compensação, ele foi tão feliz na pontaria quanto tu. O seu melhor tiro caiu dentro de uma garrafa de Vat 69 (é esse que é uma boa idéia ?) que estava sendo consumida por um casal de abelhas oceânicas.
A frustração foi geral. Tu sentaste no chão e começaste a chorar. O cavaleiro Abóbora, de raiva, batia o cotovelo num danoninho. Todos estavam estarrecidos com a situação.
Mas tu, como sempre, foste brilhante. Convidaste teu oponente para beber um trago e, depois de beberem três garrafas de cicuta envelhecida em barris de jacarandá, decidiram abandonar aquela vida de facínoras e abrir um bordel para jaguatiricas virgens.
Comentários
tanks pelo sorriso de final de sabado, bijo
malmal