Minhas lágrimas por Mary



Meu dia hoje não começou bem. Olhando as notícias na Internet me deparei com o anúncio da morte de Mary Travers. Aos 72 anos, ela morreu de leucemia.

Essa senhora foi uma das pessoas importantes da minha vida. Junto com Peter Yarrow e Noel Paul Stoker ajudou a construir a minha consciência a respeito dos direitos civis.

Cantaram pelos direitos dos negros, dos judeus. Cantaram contra as guerras dos anos 60 e 70.

Mais do que cantar, eles iam para as ruas. Marchavam ao lado dos líderes cívis, apanharam da polícia, foram presos.

Um dia, num dos grupos de discussão sobre Síndrome de Down que eu participo, alguém perguntou se existia alguma música sobre pessoas com SD. Existia, quem cantava eram eles.

A música, chamada, Danny´s Down, falava de uma mãe a quem era oferecida a chance de deixar o filho com deficiência, recém nascido, morrer. É um libelo em defesa da vida.

Se, de um lado, eles eram contundentes na defesa de direitos, por outro, podiam cantar as músicas mais ingênuas e delicadas do mundo. Seus discos para crianças são fabulosos.

Quem me apresentou a Peter, Paul & Mary foi o meu primo Alberto Carlos que, de vez em quando, aparecia em casa com um disco novo, que minha mãe copiava no seu moderníssimo (na época) gravador de fitas K7. (também devo ao Alberto conhecer as músicas de Joan Baez).

Depois eu mesmo fui comprando os LP´s para mim. Muitos eu só encontrei no antigo Sebo de Elite. Já nos anos 80. Com a o advento do CD e da Amazon, consegui compor toda a discografia.

Vai-se um pedaço da minha geração. Vai-se um pedaço da minha consciência de direitos humanos. Ficam as canções.

Hoje, Puff, o dragão mágico, tristemente, se refugia de volta na sua caverna.

Comentários

Juliana disse…
Que pena. All my trials, soon be over.
O Tempo Passa disse…
A vida que vale a pena ter vivido é aquela que deixa histórias para as pessoas contarem. Melhor ainda se forem canções. A da Mary, assim como a de Peter e Paul, valeu. E como valeu!!!
Virginia disse…
Sinto muito...de verdade...
clau disse…
Poxa Fabio...coisa triste mm.
Tb eu cresci ouvindo as musicas deles, sò pq o meu pai amava o "Peter,Paul and Mary".
Inclusive, emprestei tres dos "compactos" deles para o Falsico, que disse ter tido os mms danificados. E foi qdo aprendi a nao emprestar o que nao era meu, definitivamente. rss
Enfim...
Ficaremos sem Puffs e sem limoeiros.
Bjs!
Anônimo disse…
perdas...perdas... e a vida segue, com o que temos ainda.
beijos
Alberto disse…
Caro primo

Uma pena que ela se vá. Acho que sinto muito mais na memória juvenil que preservo dela que falta “d’ela” dos últimos anos pois nada sabia da sua vida moderna. Nem da sua morte... Weep for Jamie! E nem lembrava de tê-los apresentado para você no passado. Se soubesse do seu precoce interesse, muitos mais apresentaria, como Kingstom Trio, The Brothers Four, Johnny Cash, Tennessee Ernie Ford, solo do Peter Yarrow, The Weavers, Pat Boone, Neil Sedaka e outros tantos. Mas são coisas que você já conhece e hoje em dia estou sempre aprendendo com você.

Magicamente meus filhos quando pequenos ouviam com atenção músicas cujas letras não entendiam: Puff, Stewball, Lemon Tree, etc. Guardo com ciúme feroz minha coleção de CDs deles e quando os ouço estou geralmente sozinho: minhas referências estão se extinguindo (sempre tenho os livros sobre a Corvette 1958 roadster, o Mustang 1960 cor de sangue e CDs do Zimbo, Tamba, Sambalanço, Manfredo Fest e outros Trios.

“If you hear the whistle blow you will know that I am gone…”

And so she is gone…

Abraço.
Polifonia disse…
Este grupo marcou minha vida também, Fábio.
Além de tudo, meu início de aprendizado de inglês foi eneficiado com as músicas de PPM.

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Embriaga-te de Baudelaire