Por uma cozinha poética

Algumas vezes eu gosto de inventar jantares diferentes para alguma comemoração. Outras, porque vou receber visitas. Na maioria das vezes eu gosto de ir para a frente do fogão apenas pelo prazer de cozinhar.

Ainda que o exercício da culinária seja um prazer, muitas vezes, solitário ele só se completa quando se tem em mente alguém para quem se cozinha. Especialmente quando o momento é de invenção. Cada tempero tem uma intenção específica, que vai muito além de dar sabor ou aroma ao prato.

Resolvi brincar com ingredientes e temperos marcantes. Misturar sabores como se fosse uma paleta cromática. Acertar temperos como quem ajusta a métrica de um poema. Contrastar dissonâncias harmônicas.

Os pratos que se seguem são fáceis de fazer, o toque de sentimentos, depende de você.

Quiche de roquefort

Para a massa, junte 8 colheres cheias de farinha de trigo, 1 tablete de margarina (100 g), 1 pitada de sal, 1 colher de chá de fermento em pó e 1 gema. Misture e amasse bem os ingredientes. Caso a massa fique seca ou não der liga coloque aos poucos, uma a uma colheres de sopa de leite. Espalhe por uma forma e vá massando até a forma estar toda recoberta de massa até as bordas. Não é necessário untar a forma.

O recheio é ainda mais simples. Num liquidificador coloque 3 ovos inteiros mais a clara que sobrou da massa, 1 copo grande de leite, 1 colher de sopa de manteiga, 300 a 350 g de queijo (no caso eu misturei meio a meio queijo meia cura e roquefort) . sal e noz moscada. Bata os ingredientes e derrame sobre a massa. Assar em forno médio até dourar.

Filet mignon cítrico

Pegue uma peça de filet mignon (cerca de 1 kg) e tempere com sal e pimenta do reino. Num recipiente à parte, misture 3 dentes de alho picados, uma xícara de azeite de oliva, ervas verdes (eu usei ervas finas), uma colher de sopa de vinho do Porto e uma colher de sopa da Grand Marnier (um licor de laranja). Espalhe a mistura pela carne e deixe descansando por cerca de 6 horas. Asse, em forno médio, coberto por papel alúminio por cerca de 1 hora, tire o alumínio, aumente o fogo e deixe assar até a carne ficar corada. Tire da forma e fatie. Escorra o líquído que sobrou na forma e reserve o caldo mais grosso da carne que restou.

O molho. Derreta duas colheres de manteiga numa panela. Acrescente as raspas da casca de um limão siciliano. Quando dourarem acrescente o suco do limão e deixe reduzir pela metade. Acrescente o caldo grosso de carne e misture bem. Aos poucos, acrescente creme de leite fresco até a consistência deixar de ser pastosa. Se necessário, acrescente um pouco de sal (quase sempre é necessário pois o creme de leite dilui o sal do caldo de carne).

Num prato sirva fatias de carne com molho, uma fatia de torta e folhas verdes.

Junto com tudo isso, eu bebi um vinho 60% Tannat, 40% Merlot, da Gascogne (um vin de pays bem saboroso).

Comentários

Arimar disse…
Fábio.
Muito obrigada.
Como sempre, você me salvando, rs rs .
Desta vez , vai ser o almoço deste domingo. Mas acho que vou acrescentar, para acompanhar um arroz, pois conheço o eleitorado aqui de casa.
Beijos.
Bom domingo.
Arimar
Vou tentar qualquer dia

beijos de domingo
clau disse…
Que belo menu este seu, Fabio!
Sou "parada" em quiches, e boreks tb, pq sempre dao resultados fantasticos!!
Bjs!
Juliana disse…
Limão com creme de leite?? Como é que você faz isso funcionar?

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Mais ditados impopulares