Hipótese nula
Mariana, talvez pelo próprio nome, tinha a mania de ficar citando Vinicius de Moraes para todos os seus namorados. Infinito enquanto dure, repetia sempre ela.
Alguns achavam piegas, outros romântico. E enquanto achavam isso, passavam um após o outro. Um deles, ao romper o namoro, mandou apenas um bilhete que dizia: "posto que é chama..."
Um dia Mariana conheceu Alfredo que era estatístico de uma seguradora. Apesar de ter o raciocínio lógico nas alturas, Alfredo era um sentimental.
Ouviu Mariana citar o poema e se incomodou. Ouviu a segunda, a terceira...
Até que não resistiu mais e resolveu dar uma aula de estatística para a amada.
Explicou que não existia infinito limitado. Nem no tempo nem no espaço. Que seu amor é para sempre.
A chance dele deixar de amá-la era nenhuma. Por mais que a estatística clássica negasse as probabilidades extremas, ele sabia que, afinal das contas, sua profissão era a mais inexata das ciências exatas.
Deixar de amar, explicou ele, era uma hipótese nula, só servia como tese para ser rejeitada todos os dias.
O máximo que ele poderia aceitar era um clássico erro do tipo II, ou seja, aceitar a hipótese nula quando ela era falsa.
O resto, dizia ele, tem nível de significância zero.
Mariana o ouvia paralisada. Pela primeira vez na vida alguém derrubava o paradigma que ela sustentara por anos. E com argumentos irrefutáveis.
Nunca mais recitou o poema. E nunca mais amou alguém além de Alfredo.
Alguns achavam piegas, outros romântico. E enquanto achavam isso, passavam um após o outro. Um deles, ao romper o namoro, mandou apenas um bilhete que dizia: "posto que é chama..."
Um dia Mariana conheceu Alfredo que era estatístico de uma seguradora. Apesar de ter o raciocínio lógico nas alturas, Alfredo era um sentimental.
Ouviu Mariana citar o poema e se incomodou. Ouviu a segunda, a terceira...
Até que não resistiu mais e resolveu dar uma aula de estatística para a amada.
Explicou que não existia infinito limitado. Nem no tempo nem no espaço. Que seu amor é para sempre.
A chance dele deixar de amá-la era nenhuma. Por mais que a estatística clássica negasse as probabilidades extremas, ele sabia que, afinal das contas, sua profissão era a mais inexata das ciências exatas.
Deixar de amar, explicou ele, era uma hipótese nula, só servia como tese para ser rejeitada todos os dias.
O máximo que ele poderia aceitar era um clássico erro do tipo II, ou seja, aceitar a hipótese nula quando ela era falsa.
O resto, dizia ele, tem nível de significância zero.
Mariana o ouvia paralisada. Pela primeira vez na vida alguém derrubava o paradigma que ela sustentara por anos. E com argumentos irrefutáveis.
Nunca mais recitou o poema. E nunca mais amou alguém além de Alfredo.
Comentários
Quem sabe, Fabio, se eu soubesse dessas coisas todas teria tido mais facilidade em entender a minha triste estoria precedente...
E olha que eu até era uma das participantes daquelas tais de "Olimpiadas de Matematica".
Hihihi!
Bjs!
Bjos e um domingo ensolarado ao poeta.
;)