Cerimônia do chá

Quando Mariana convidou Alberto para um chá ele abaixou a cabeça e as lágrimas começaram a correr pelos seus olhos.

Ela sabia que ele era um coração de manteiga, mesmo assim não entendeu a sua reação, até porque não era a primeira vez que tomavam chá juntos.

Ele fez um sinal com a mão pedindo que ela esperasse um pouco. Levantou-se sem dizer nada e entrou na cozinha.

Voltou alguns minutos depois com duas xícaras fumegantes sobre uma bandeja. Serviu-a e sentou novamente ao seu lado.

Aspiraram o perfume suave do "Príncipe de Gales", ele levantou sua xícara, como se brindasse e tomou um gole. Ela o acompanhou.

Ele olhou para ela e começou a falar. Durante toda a sua vida nunca tinha tido alguém que realmente se preocupasse com ele.

Ele sempre fora o lado forte de todas as suas relações, quando não era, fingia ser. Anos de solidão, anos de solidão.

Depois que ela entrara na sua vida ele começou a descobrir o que era reciprocidade.

Convidar e ser convidado, cuidar e ser cuidado, mimar e ser mimado, desejar e ser desejado, amar e ser amado.

O chá que ela propusera era muito mais que uma simples infusão de folhas. Era o símbolo daquele amor.

No momento em que ela o convidara, toda sua história passou pela sua cabeça, como se ela tivesse dito uma palavra mágica.

Ela o ouvia com ternura. Tirou a xícara das suas mãos, colocou a sua cabeça no seu colo e o acariciou.

Poderiam passar dificuldades, poderia faltar o que comer, mas naquela casa nunca faltaria chá.

Comentários

Solidão e falta de carinho, eita duplinha díficil...muito lindo seu texto

Beijos de quinta feira
clau disse…
...nada como uma "colherzinha de cha" na vida a dois... rss
Bjs!

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Embriaga-te de Baudelaire