Um banana sem pijamas
Nem todas as invenções humanas são úteis. Existe uma série de prêmios para invenções idiotas, o mais famoso é o Ignóbel. Para você ter uma idéia do que se trata, entre os estudos vencedores de 2007 encontram-se : a descoberta de que hamsters se recuperam de jet lag mais rapidamente quando lhes são ministradas doses de Viagra, ou a fabulosa constatação que ratos não podem distinguir entre gravações em japonês e holandês quando são tocadas de trás para frente.
Depois vocês acham que o insano sou eu.
Por outro lado, existem invenções que a maioria da humanidade acha útil mas que alguns seres como eu julgam absolutamente dispensáveis.
No fim do século XVI quando a moda dos ricos impunha o uso de um monte de roupas durante o dia, o fino do luxo era chegar ao fim do dia e colocar algo mais confortável. Nessa época surgem as camisolas que eram unissex e iam do pescoço até os pés, abertas na frente e com mangas compridas, quando fazia frio e a casa não tinha lareira eram de lã. O pouco que diferenciava as camisolas de homens e mulheres eram eventuais enfeites no pano. Dois séculos depois é que surge o negligée, só para as mulheres e de tecidos mais sofisticados como a seda, claro, nada tinha de sexy, era uma roupa para ser usada à noite ou relaxar em casa, ou seja, uma roupa para não fazer nada, em bom latim "neglegere" , se descuidar. Na mesma época, os homens começam a dividir e camisola em duas peças, encurtando o "camisão" e usando um tipo de calça largona vinda da Pérsia (a origem da palavra pijama, em persa é "roupa para as pernas"). Ou seja, o pijama levou 6 mil anos de história escrita para ser criado.
Eu me livrei dele em menos de 15 anos.
Os primeiros indicativos desse costume se manifestaram no meu primeiro dia de vida. Logo após meu nascimento a enfermeira da maternidade devolveu todas as roupinhas de bebê que haviam sido levadas para a minha avó, quase provocando uma síncope na velhinha. Nenhuma servia pois eram para recém nascidos e o moleque aqui chegara ao mundo pesando mais de quatro quilos e meio. Passei minha primeiras horas de vida sem pijama.
Mamãe bem que se esforçou nos anos seguintes comprando seguidamente pijamas bem tradicionais listrados e com botões. Ao atingir a adolescência minha rebeldia começou a se manifestar. Primeiro comecei a usar pijama sem cuecas. Passada a resistência abandonei a camisa do pijama. Demorou um pouco mais mas um dia a calça do pijama se foi. Não chegou a chocar apesar de ter causado um certo desconforto materno. Durante muitos anos eu ainda tive um pijama guardado, que eu chamava de pijama social, só apelava para ele quando ia dormir fora em algum lugar que meu hábito pudesse incomodar. Os últimos pijamas que tive foram dois que ganhei no meu enxoval, supostamente para a minha lua-de-mel (e quem é quer pijamas em lua-de-mel ??). Foram doados, não por estarem gastos mas pela constatação de só ocupavam lugar na gaveta.
Não é só em mim que eu dispenso o pijama (a camisola, o negligé, o baby doll, seja lá o nome que tenha), nunca achei que pano fosse mais sensual que pele. Talvez isso também seja um tipo de fetiche. Os corpos são sempre mais bonitos que o design de moda. Sei que um dia vão tentar me colocar num pijama de madeira, mas até esse eu dispenso, já orientei a família para doar o que prestar e queimar o resto.
Nem o que sobrar dos meus ossos estará sujeito a essa tortura.
Comentários
Pode-se constatar que à noite, ao menos nas nossas respectivas camas, podemos nos livrar das convenções e isso é muiiiiiiiiito bom.
bijim
Nas noites mais frias nada que um t-shirt não resolva... :)
Beneficios de quem vive sozinha... rsrsrsr
bjitos
Bjks.
Gostei da história de usar pijama em caso de terremoto...
Se puder me ajudar ficarei muito grata.(pode me responder pelos comentários mesmo)
Obrigada desde já.
Algumas indicações
http://en.wikipedia.org/wiki/Pajamas
http://www.askandyaboutclothes.com/Teasers/Teasers/PajamasHistoryof.htm