As garotas do Leblon não olham mais para mim
Eu até que resisti bem, foram 47 anos me esquivando como um bom lutador de boxe. O problema é que essa era uma batalha perdida contra o tempo.
No exame para minha carta de motorista, aos 40, o médico me disse que eu estava enxergando mais do que precisava. Aos 42, depois de muita insistência do oftalmologista, repeti o exame. Nada. Ou melhor, o mesmo astigmatismo pífio que tenho desde os 13 anos que nunca justificaram o uso de óculos.
Aos 45 ele voltou à carga e, como levava meu filho a cada 3 meses para ajustar seus óculos, cada consulta era um sermão de Vieira a respeito da minha idade e da consequente perda de visão. Um dia concordei. Vamos fazer o exame. Resultado : um olho apresentou uma alteração de +1, o outro de -1. O japonês ficou desconcertado. Nessa situação um olho compensava o outro, nada de óculos.
Dessa vez não teve jeito, até porque eu mesmo já vinha sentindo a falta de lentes. Especialmente à noite, as letras miúdas já sumiam. Pior eram os textos que certos diretores de arte ainda inventam de imprimir em negativo. Acredito que o único objetivo de fazerem isso é o de impedir a leitura. Aí eu apelava para a ignorância. Nunca tive uma lupa, mas tenho um conta-linhas que sempre me socorreu na hora do aperto.
E o exame não poderia dar outro resultado. Mais de 1 grau na visão de perto (nunca sei se essa é a miopia ou a hipermetropia), um pouquinho na visão de longe. E o sempre ridículo astigmatismo. Senti um certo ar vitorioso da parte do oculista (eu sei, eles detestam ser chamados de oculistas, mas essa é a minha vingança pessoal). Saí de lá pensando nas garotas do Leblon que nunca olharam para mim, agora é que não vão olhar mesmo.
Como miséria pouca é bobagem, para não correr o risco de fazer uma coleção de binoculares - um para perto, outro para longe e outro para a visão média (será a visão que se tem na Terra Média ?), já vou atacar de multifocal, Já me pintaram o Belzebu a respeito da adaptação a essas lentes. Como geralmente quem fala isso é quem costuma andar com os óculos dentro da caixa, eu vou arriscar. Se fossem assim tão ruins não teria tanta gente usando. No futuro escreverei a respeito.
A armação escolhida foi bem nerd. Larga, quadrada, imitando casca de tartaruga. Eu pensei em mandar uma mensagem para o Elvis Costello perguntando onde ele compra seus óculos, mas sei que ele é pai fresco e não vai ter tempo de ficar respondendo essas coisas. Uma amiga, escandalizada, me sugeriu óculos a la Elton John. Vou privar meus leitores da resposta que dei. Vocês não merecem.
Os óculos só ficarão prontos depois do Natal quando estarei na praia, quem sabe as garotas da Juréia ainda terão a chance de olhar para mim. Vou ter de esperar algumas semanas para estreá-lo. Enquanto isso sigo cantando : por que você não olha prá mim ? me diz o que é que tenho de mal. Por trás dessa lente tem um cara legal....
No exame para minha carta de motorista, aos 40, o médico me disse que eu estava enxergando mais do que precisava. Aos 42, depois de muita insistência do oftalmologista, repeti o exame. Nada. Ou melhor, o mesmo astigmatismo pífio que tenho desde os 13 anos que nunca justificaram o uso de óculos.
Aos 45 ele voltou à carga e, como levava meu filho a cada 3 meses para ajustar seus óculos, cada consulta era um sermão de Vieira a respeito da minha idade e da consequente perda de visão. Um dia concordei. Vamos fazer o exame. Resultado : um olho apresentou uma alteração de +1, o outro de -1. O japonês ficou desconcertado. Nessa situação um olho compensava o outro, nada de óculos.
Dessa vez não teve jeito, até porque eu mesmo já vinha sentindo a falta de lentes. Especialmente à noite, as letras miúdas já sumiam. Pior eram os textos que certos diretores de arte ainda inventam de imprimir em negativo. Acredito que o único objetivo de fazerem isso é o de impedir a leitura. Aí eu apelava para a ignorância. Nunca tive uma lupa, mas tenho um conta-linhas que sempre me socorreu na hora do aperto.
E o exame não poderia dar outro resultado. Mais de 1 grau na visão de perto (nunca sei se essa é a miopia ou a hipermetropia), um pouquinho na visão de longe. E o sempre ridículo astigmatismo. Senti um certo ar vitorioso da parte do oculista (eu sei, eles detestam ser chamados de oculistas, mas essa é a minha vingança pessoal). Saí de lá pensando nas garotas do Leblon que nunca olharam para mim, agora é que não vão olhar mesmo.
Como miséria pouca é bobagem, para não correr o risco de fazer uma coleção de binoculares - um para perto, outro para longe e outro para a visão média (será a visão que se tem na Terra Média ?), já vou atacar de multifocal, Já me pintaram o Belzebu a respeito da adaptação a essas lentes. Como geralmente quem fala isso é quem costuma andar com os óculos dentro da caixa, eu vou arriscar. Se fossem assim tão ruins não teria tanta gente usando. No futuro escreverei a respeito.
A armação escolhida foi bem nerd. Larga, quadrada, imitando casca de tartaruga. Eu pensei em mandar uma mensagem para o Elvis Costello perguntando onde ele compra seus óculos, mas sei que ele é pai fresco e não vai ter tempo de ficar respondendo essas coisas. Uma amiga, escandalizada, me sugeriu óculos a la Elton John. Vou privar meus leitores da resposta que dei. Vocês não merecem.
Os óculos só ficarão prontos depois do Natal quando estarei na praia, quem sabe as garotas da Juréia ainda terão a chance de olhar para mim. Vou ter de esperar algumas semanas para estreá-lo. Enquanto isso sigo cantando : por que você não olha prá mim ? me diz o que é que tenho de mal. Por trás dessa lente tem um cara legal....
Comentários
Então caro amigo, parabéns pela escolha, continuarei a olhar e ler, mesmo de óculos e bem-vindo ao clube...