Pacote completo
Alice e Ruy tinham saído para jantar para comemorar mais um aniversário de casamento. E não era qualquer um. Completavam 10 anos de vida em comum. Dez anos de felicidade.
Claro que tinham passado por bons e maus momentos, mas o saldo era extremamente positivo. Num determinado momento o assunto passou a ser o sucesso do casamento.
Ruy entendia que a felicidade morava na compreensão mútua, nunca ninguém o entendera como ela. Alice acreditava que o amor dispensava compreensão, não havia nenhum esforço intelectual para amá-lo, mesmo sabendo que seus intelectos eram um ponto crucial no relacionamento dos dois.
Não precisava raciocinar para amá-lo, tudo fluia naturalmente, como um rio sem obstáculos. Ruy concordou e fez questão de reforçar que o principal é que ele a aceitava do jeito que era.
Alice sorriu, propôs mais um brinde e o jantar transcorreu em clima de festa e de paixão.
No dia seguinte, Alice acordou com dor de cabeça. Não sabia se tinha sido o vinho, o tempero do risotto ou as poucas horas que tinham dormido. Tomou um analgésico e foi trabalhar.
A dor de cabeça não passava. Voltou mais cedo do trabalho, tomou um banho e foi para a cama. Ruy ficou preocupado, ela não costumava fazer isso, mas não quis acordá-la.
De manhã, Alice ainda estava com dor de cabeça, mas não tinha nenhum outro sintoma que justificasse recorrer a um médico. Ligou para o chefe e disse que não tinha melhorado e que ficaria em casa.
Fez um chá, sentou no sofá da sala e começou a fazer um inventário de tudo que tinha acontecido durante o jantar. Lembrou-se de cada pedaço de comida, cada gole de bebida.
Quando relembrava cada uma das frases que trocaram uma delas deu uma pontada na sua cabeça. Era isso!
Quando Ruy chegou, à noite, Alice o esperava sentada na mesa da sala. De cara ela perguntou que história era aquela de que ele a aceitava como era.
Ruy, surpreso, começo a explicar que, apesar dela ser uma mulher maravilhosa, ela também tinha defeitos, como qualquer pessoa, mas que ele aceitava todos eles. Enquanto falava, a cabeça de Alice doía ainda mais.
Até que ela o interrompeu. Disse que o que ela queria era amor e não concessões, que assim como ela o amava, ela queria ser amada apenas pelo que era. O amor não era um exercício de tolerância. Não queria comiseração. Não esperava que ele apenas se conformasse à ela.
Tudo ou nada. Pacote completo.
Encolhido na cadeira, acuado, Ruy não poderia ter escolhido pior as palavras. Disse que aceitava os argumentos dela.
Ela não disse mais nada. Foi até o quarto, arrumou a mala e, a caminho da porta disse que depois mandava alguém pegar o resto das suas coisas.
Claro que tinham passado por bons e maus momentos, mas o saldo era extremamente positivo. Num determinado momento o assunto passou a ser o sucesso do casamento.
Ruy entendia que a felicidade morava na compreensão mútua, nunca ninguém o entendera como ela. Alice acreditava que o amor dispensava compreensão, não havia nenhum esforço intelectual para amá-lo, mesmo sabendo que seus intelectos eram um ponto crucial no relacionamento dos dois.
Não precisava raciocinar para amá-lo, tudo fluia naturalmente, como um rio sem obstáculos. Ruy concordou e fez questão de reforçar que o principal é que ele a aceitava do jeito que era.
Alice sorriu, propôs mais um brinde e o jantar transcorreu em clima de festa e de paixão.
No dia seguinte, Alice acordou com dor de cabeça. Não sabia se tinha sido o vinho, o tempero do risotto ou as poucas horas que tinham dormido. Tomou um analgésico e foi trabalhar.
A dor de cabeça não passava. Voltou mais cedo do trabalho, tomou um banho e foi para a cama. Ruy ficou preocupado, ela não costumava fazer isso, mas não quis acordá-la.
De manhã, Alice ainda estava com dor de cabeça, mas não tinha nenhum outro sintoma que justificasse recorrer a um médico. Ligou para o chefe e disse que não tinha melhorado e que ficaria em casa.
Fez um chá, sentou no sofá da sala e começou a fazer um inventário de tudo que tinha acontecido durante o jantar. Lembrou-se de cada pedaço de comida, cada gole de bebida.
Quando relembrava cada uma das frases que trocaram uma delas deu uma pontada na sua cabeça. Era isso!
Quando Ruy chegou, à noite, Alice o esperava sentada na mesa da sala. De cara ela perguntou que história era aquela de que ele a aceitava como era.
Ruy, surpreso, começo a explicar que, apesar dela ser uma mulher maravilhosa, ela também tinha defeitos, como qualquer pessoa, mas que ele aceitava todos eles. Enquanto falava, a cabeça de Alice doía ainda mais.
Até que ela o interrompeu. Disse que o que ela queria era amor e não concessões, que assim como ela o amava, ela queria ser amada apenas pelo que era. O amor não era um exercício de tolerância. Não queria comiseração. Não esperava que ele apenas se conformasse à ela.
Tudo ou nada. Pacote completo.
Encolhido na cadeira, acuado, Ruy não poderia ter escolhido pior as palavras. Disse que aceitava os argumentos dela.
Ela não disse mais nada. Foi até o quarto, arrumou a mala e, a caminho da porta disse que depois mandava alguém pegar o resto das suas coisas.
Comentários
beijos de sábado
Olha, tem vezes que eu me assusto diante de seus contos... parece que você viu alguma coisa numa bola de cristal...
Mas deixa quieto, que o mundo gira e a lusitana roda.
Bjo e bom sábado!
(Já acordei melhor que ontem!)
Amar é fazer concessões, sim. Porque, quem é na vida que não tem defeitos?
E, ou a gente aceita os defeitos do outro, ou tenta mudar, ou se muda (de casa).
Então... Alice bem que podia ter sido um pouquinho mais inteligente... e humilde, pra aceitar que ela tinha, sim, defeitos.
(Tô que tô hoje, hein?)
Bel: eu não tenho bola de cristal, mas desde que comecei a escrever o blog meus olhos e ouvidos reparam em tudo à minha volta.
Bel & Vero: a discussão nem é sobre a perfeição, mas a forma de lidar com a imperfeição.
Beijos sem bigornas