Nem às paredes confesso
Mário era um sujeito com uma vida sólida e tranquila. Desde jovem tinha se estabelecido objetivos e, um a um, tinha alcançado todos.
Alcançara sua estabilidade financeira. Formara um patrimônio que lhe permitia viver confortavelmente. Casara com a mulher que gostava. Teve filhas, que já estavam moças e quase independentes.
Tinha uma vida muito ativa. Além do trabalho praticava esportes, estudava música e frequentava um clube de discussões literárias.
No entanto, apesar de todas essas coisas, ele não era um homem feliz.
E ele sabia o porquê. Por mais de 30 anos tentava envolver sua família naquilo que ele fazia e não tinha resposta ou, quando tinha, era pior ainda pois só desvalorizavam seus méritos.
Passou a falar cada vez menos. Quanto menos falava, mais inconformado ficava, uma vez que ninguém se dava conta disso.
Ele até entendia as filhas, estavam moças e tinham outras preocupações. Mas jamais entendeu como é que a mulher o ignorava daquele jeito.
Exceto no dia em que ela chegou em casa e ouviu a voz de Mário. Achou que estava com alguma visita no escritório. Surpreendeu-se quando chegou lá e o viu de costas para o computador falando sozinho.
Preferiu não falar nada. Vai que ele agora está fazendo algum curso de teatro, pensou.
No dia seguinte comentou com as filhas no café da manhã. Elas riram e comentaram que aquilo era bem coisa do papai.
Mas também começaram a se preocupar quando elas mesmas começaram a encontrá-lo falando sozinho. Na sala, no banheiro, no quarto. Pediram para a mãe ligar para o médico da família.
Dias depois de receber uma ligação do médico, Mário foi visitá-lo para uma consulta. O médico lhe explicou porque o chamara lá. Ele caiu na gargalhada e disse:
"- Eu comecei a conversar com as paredes porque são as únicas coisas na casa que me escutam... é engraçado pensar que minha mulher e minhas filhas só me ouviram quando eu não estava falando com elas."
Quando a mulher ligou para o médico para saber o que ele tinha descoberto recebeu a informação de que Mário estava ótimo, aliás, nunca estivera melhor na sua vida, tanto de saúde como de cabeça.
"- Mas e as conversas com as paredes?" ela perguntou.
"- Deixe ele conversar à vontade com as paredes, minha senhora. Os tijolos costumam ser mais compreensivos que alguns corações de pedra."
Ela desligou e, envergonhada, nunca mais tocou no assunto.
Alcançara sua estabilidade financeira. Formara um patrimônio que lhe permitia viver confortavelmente. Casara com a mulher que gostava. Teve filhas, que já estavam moças e quase independentes.
Tinha uma vida muito ativa. Além do trabalho praticava esportes, estudava música e frequentava um clube de discussões literárias.
No entanto, apesar de todas essas coisas, ele não era um homem feliz.
E ele sabia o porquê. Por mais de 30 anos tentava envolver sua família naquilo que ele fazia e não tinha resposta ou, quando tinha, era pior ainda pois só desvalorizavam seus méritos.
Passou a falar cada vez menos. Quanto menos falava, mais inconformado ficava, uma vez que ninguém se dava conta disso.
Ele até entendia as filhas, estavam moças e tinham outras preocupações. Mas jamais entendeu como é que a mulher o ignorava daquele jeito.
Exceto no dia em que ela chegou em casa e ouviu a voz de Mário. Achou que estava com alguma visita no escritório. Surpreendeu-se quando chegou lá e o viu de costas para o computador falando sozinho.
Preferiu não falar nada. Vai que ele agora está fazendo algum curso de teatro, pensou.
No dia seguinte comentou com as filhas no café da manhã. Elas riram e comentaram que aquilo era bem coisa do papai.
Mas também começaram a se preocupar quando elas mesmas começaram a encontrá-lo falando sozinho. Na sala, no banheiro, no quarto. Pediram para a mãe ligar para o médico da família.
Dias depois de receber uma ligação do médico, Mário foi visitá-lo para uma consulta. O médico lhe explicou porque o chamara lá. Ele caiu na gargalhada e disse:
"- Eu comecei a conversar com as paredes porque são as únicas coisas na casa que me escutam... é engraçado pensar que minha mulher e minhas filhas só me ouviram quando eu não estava falando com elas."
Quando a mulher ligou para o médico para saber o que ele tinha descoberto recebeu a informação de que Mário estava ótimo, aliás, nunca estivera melhor na sua vida, tanto de saúde como de cabeça.
"- Mas e as conversas com as paredes?" ela perguntou.
"- Deixe ele conversar à vontade com as paredes, minha senhora. Os tijolos costumam ser mais compreensivos que alguns corações de pedra."
Ela desligou e, envergonhada, nunca mais tocou no assunto.
Comentários
Que ideia genial! Adorei o jeito de "bater com luva de pelica". Mas ele bem que poderia escrever um blog, como eu, quando queria ser ouvida, né??? Terminei sendo ouvida pelo mundo!
Bjo!
Se sim, a mulher não entendeu nada!!!
bjssss
beijos de terça