Ah, Rosa, e o meu projeto de vida?
"Rose is a rose is a rose is a rose." (Gertrude Stein`s Sacred Emily, 1913 )
"A rose by any other name would smell as sweet." (Shakespeare's Romeo and Juliet, 1594)
"A rose by any other name would smell as sweet." (Shakespeare's Romeo and Juliet, 1594)
Em meados dos anos 70, o crítico literário e semiota Umberto Eco publicou um livro de ensaios a respeito das relações entre a arte e a cultura de massa, dividindo as pessoas em duas cosmogonias distintas em relação às suas abordagens sobre a questão.
De um lado os integrados, os otimistas que viam toda forma de cultura de massa como manifestações artísticas válidas, adequadas ao contexto histórico. Esses, segundo Eco, não teorizam a respeito da cultura e, sem esse viés crítico, podem produzir, emitir e consumir suas mensagens irrestritamente
No outro extremo, estão os apocalípticos, isolados nas suas torres de erudição representam a dissenção contra tudo que pode ser compreendido ou absorvido com facilidade. Acreditam numa comunidade de “super-homens” posicionados acima de banalidade média, uma quase não-comunidade, de tão poucos que são. Não tem a intenção de serem consumidos, mas de serem admirados.
Curiosamente, seu livro mais famoso "O Nome da Rosa", escrito num tom apocalítico (dentro do conceito acima, é claro) acabou virando um produto totalmente integrado. Foi um best-seller, filme com Sean Connery e, se distrair, deve ter tido sua linha própria de merchandising.
Diga-se de passagem que eu duvido que mais do que 2% das pessoas que compraram o livro o tenham realmente lido e, dos que leram, quantos se detiveram na discussão se uma rosa é mesmo ou rosa ou apenas um flatus vocis (não confunda flatus com flato, poupe-me dessa) ? A discussão do nominalismo que é a essência do livro, mal é citada no filme, o que fez com que o nome do filme ficasse incompreensível...
O que é essencial, parece ser o nome da rosa como nome, se em si um conceito, portanto um universal, eterno, imutável, imortal ou de sua contraposição à rosa particular, individual no mundo, flor de existência única na realidade, é passageira, mortal e transitória.
A nota curiosa sobre isso é que, depois do Nome, as pessoas passaram a achar que Eco era um romancista. Lembro de um aniversário em que me deram "Viagem na irrealidade cotidiana" (um livro fabuloso que analisava a simbologia da cultura californiana) só porque estava escrito na capa : "Do mesmo autor de O Nome da Rosa". Como sempre fui um consumidor de Barthes, Sausurre, Eco e Jakobson (até cheguei a ler Pignatari e os irmãos Campos... seres absolutamente apocalípticos), achei ótimo o presente mas, por boa educação, não fiz nenhum comentário mordaz.
Não sei se me classifico como apocalíptico (no sentido econiano, mesmo porque no sentido dado por Hendriksen eu sou mesmo) ou integrado. Se universal ou particular. Quem pode, através de proposições lógicas afirmar se os apocalípticos são universais ou particulares ? E os integrados ?
Pessoalmente não acho que qualquer manifestação seja culturalmente válida. Ao mesmo tempo não detono a cultura popular. Vejo luxo e lixo nas duas facções, o que faz com que não seja levado a sério por nenhuma das duas.
Sigo simplesmente sendo um apocagrado intelíctico.
Ah, antes que me perguntem : eu não li o Pêndulo de Foucault.
Comentários
Eu assisti somente ao filme como a maioria das pessoas,rs.
Entao, já coloquei seu nome na lista. Eu fiz um post convocatório no dia 25 de marco e lá estoa os selinhos. Na época tive dificuldades com o banner, já que nao entendo nada disso e só queria mesmo era discutir o assunto em pauta. Passa lá no post e pega o selo, se tiver ainda dificuldades me avise. Gostei muito que você está dentro. Tenho certeza que seu texto será muito bom.
Grande abraco
não li tb, mas o tenho hehehe
não acho que em arte tudo possa ser aceito, aliás , aplico isso em praticamente tudo na vida, odeio essa coisa de "Ter" que achar legal obras ditas contemporâneas, achar legal pq é moderninho, acho que sou chata mesmo.
bijok
Abraços
Alice