Soneto do desconforto


Ela disse que eu a quebrava ao meio
Mas a queria inteira, delicada,
Conduzindo o meu barco sem receio
No rumo de uma angra abrigada

Como se ela temesse seu anseio
A pele em outra pele afagada
De um tempo num desejo que não veio
Levamos nossa nau na madrugada

As vísceras expostas do seu seio
A faca no meu peito encostada
O sangue jorra intenso em devaneio

Nas horas da vigília bem guardada
Desconforto é só um peso fugaz
Carinho mesmo nunca se desfaz

Comentários

Parabéns!!!
Abraço da Ana Mello.
Cristiana Soares disse…
Bonito... bonito... bonito...
Anônimo disse…
Como mãos que quase se encostam mas nunca se encontram....
Como a Cris eu digo...bonito, e me dá vontade de me calar.. quieta.
Beijo
Anônimo disse…
Você, exposto assim, parece mais frágil que ela.

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