A alma feminina


Ontem navegando por poemas, hábito antigo meu, me deparei com a trágica Alfosina Storni. Não que todos seus poemas sejam trágicos, mas o foi a sua vida. Um dia entrou no mar. Entrou e entrou para nunca mais voltar (a Violeta Parra fez uma música linda dessa história).

Mas não é só de quando se foi que surgiram obras de arte, ela mesmo escreve a respeito de quando chegou num soneto chamado "Quando cheguei à vida" onde perscruta a alma feminina.

Não sei se as mulheres, da perspectiva feminina acham a mesma coisa....mas eu me encanto com essas variações da alma feminina. Algumas são assustadoras, outras deliciosas.

Já me disseram que a alma feminina não é nada objetiva, que é regida pelas emoções, muitas vezes fica quase que à deriva, correndo o risco de sucumbir à loucura. Até tenta se manter vigilante como se realmente segurassem o leme, mas as ondas e pedras do caminho acabam provocando desvios inesperados e, não poucos, beirando o abismo (ou serão as beiradas da Terra ?) .

A vigília, como no poema de Alfonsina é questão de sobrevivência para continuar tateando o perfume do ar.

Os olhos, se são as janelas da alma, precisam vigiar. A vigília é constante, a alma variante.

Mesmo quando se é a mesma, incompreensível, flutuante, sujeita aos ventos, temente ao mar.

Sói que velem amores imensos, que valham as viagens pela alma.

Alma feminina, meu abrigo, luz e sombra. De onde vem essa esperança ? Que anseios esconde ? Qual é a tua essência , ou será transcendência ?

Meu olhos espreitam e admiram. E continuam a vigília.


A imagem é uma pinup do Vargas

Comentários

Unknown disse…
Bem, bem, isso ai em cima merece uma resposta , gargalhando, falo por mim, jamais generalize !!!!

A minha alma é absolutamente objetiva, claro que tento manter a racionalidade de plantão, ela é útil pra tentar entender os desmandos das cabeças masculinas.
Acredito que a única diferença entre homens e mulheres seja o costume que temos de falar o que sentimentos e demonstrar, como fez a poeta em seus brilhantes versos.
È claro no poema a intensidade desse amor, como é claro o recado que ela põe no final....
Cuida, vigia, porque os ventos sopram.
Cuida porque é amor e precisa de cuidados.
Cuida, como ela cuida.
Ou seja, caro exemplar masculino da raça, hehheheh, excetuando, (aqui), você que me parece sensível o suficiente para entender, o recado está dado.
Carinho, amor, afeto e compreensão sempre em caminho de mão dupla, vão e voltam, na intensidade possível, claro, mas sendo retribuído.
No mais, sabe que adoro seu blog e aprendo mais com ele, portando agradeço....
Navego em alto-mar e sou sujeita a vagas e tempestades....

Bijim de fim de feriadão,
Anônimo disse…
Bem... para mim a vigilia se faz necessária para que eu não me perca em mim em um caminho sem volta.
O exercício da atenção me permite até que eu me arrisque mais além, quase à beirada da Terra...
Beijo grande
Alice
Anônimo disse…
Às vezes sinto que sou um barco sem vela, no meio de uma tempestade que não me leva a lugar nenhum, em outras sou um navio sem âncora, que chegou ao destino, que quer parar, mas lhe falta suporte. Sei lá, melhor nem entender...

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Embriaga-te de Baudelaire