No olho do furacão
A tarde parecia promissora. Céu claro, calor e sol. No entanto, do alto do seu apartamento no topo do prédio tudo que ele escutava era o vento.
Lembrava do sítio do pai, no alto de uma colina, a que ele chamava de morro dos ventos uivantes.
O apartamento solitário lhe parecia tão inóspito quanto o sítio no meio do nada.
Sabia que estava cercado de uma multidão. Dezenas de moradores dos demais apartamentos. Milhares, se estimasse o número de moradores do entorno.
Buzinas, gente falando alto na rua, o vizinho baterista.
Mesmo assim, ele só ouvia o vento, como se seus ouvidos tivessem adquirido a capacidade de filtrar sons.
Com o vento chegava a voz da amada. O tom agudo era como sua voz de soprano, as modulações lhe traziam os suspiros dela.
Algumas vezes, até os seus gemidos.
Olhou pela janela, viu as nuvens escuras se aproximarem. Chumbo azulado se aproximando rapidamente.
Desceu para a rua, as pessoas apertavam o passo à medida que a tempestade se aproximava. Rapidamente ficou sozinho.
E o vento continuamente lhe chamava, em direção a ela.
Chegou violentamente, como um furacão
E ele se deixou levar, para viver eternamente no seu interior, ouvindo a sua voz.
Observação : o texto tem mais sentido se acompanhado pelo video acima. Se não o fez na primeira leitura, experimente começar de novo.
Comentários
beijos de terça
Eu ouço melhor os chamados transcendentes ...com uma brisa(rsrs)
beijos
Rô
Vou pensar nele.
Beijos