Contículo irônico
Clarisse e Lídia se adoravam. Colegas de classe, nunca perdiam a chance de cutucar uma à com a sutileza de um elefante numa loja de cristais.
A cada encontro entrebeijavam-se porque não podiam se morder.
Como aquela tarde numa das mesas da cantina. Clarisse escorregou no piso molhado e esborrachou-se com as nádegas no chão.
Lídia logo acorreu em sua direção : " - Está tudo bem ?"
" - Estou muuuito bem!" redarguiu Clarisse, "melhor só se depois disso você me desse um pontapé".
"- Você está intolerante hoje", Lídia comentou com um riso entre os dentes.
" -Não diga, meu amor! Isso só acontece quando dou esse tipo de espetáculo"
"- Sei lá, acho que esse tombo foi só para disfarçar o fato de que você foi tão bem na prova que nem tirou a nota mínima"
" Nem poderia mesmo. "A excelente Dona Inácia é mestra na arte de maltratar seus alunos."
" Meu anjinho, briga com todos que estão por perto."
Antes que as duas se atracassem, chegou o professor de literatura portuguesa mandou que cada uma das adoráveis garotas fosse para um lado, dizendo:
" - Moças lindas, bem tratadas, três séculos de família, burras como uma porta: uns amores!*"
ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
* adaptação de Mário de Andrade
Comentários
Lamentavelmente, cenas assim ocorrem diariamnete , nas mais diversas versões.Não apenas o tombo, também, o café que derrama, a roupa que rasga, a palavra mal colocada, etc, etc. Cenas de ironia, burrice , e demonstrações de que o ser humano está cada vez mais perdendo o sentido principal de sua vida.
Beijos sinceros e amigo.
Bom domingo para você e familiada.
Arimar
Abraços!!!