Contículo metafórico

Meu pensamento é um rio subterrâneo. Fernando Pessoa


Seus olhos eram como dois oceanos, dois diamantes brilhando em seu rosto de maçã coberto pela floresta de seus cabelos.

Eu, um cachorro sem sentimentos, nunca consegui dar-lhe o momento amarelo em que o outono subiria pelas trepadeiras.

Nunca andei bem da cabeça e ela, com a sagacidade das tigressas da floresta, nem me considerava um eventual pretendente.

Tornei-me um poço de amargura. Minha vida fugaz como uma chuva de verão.

Sua imagem não me abandonava, era como um helicóptero que perfura a atmosfera pensando na vertical.

O tempo passou, como uma cadeira ao sol. Ela, como o pão que as estrelas cadentes sovavam passando sua farinha pelo céu, continuava a fazer de mim gato e sapato.

Esperta como uma raposa, fez de mim, forte como um touro, uma rota folha pisada pelos transeuntes. Nem minhas metáforas, hélices da imaginação me sustentavam mais.

Parti, como a revoada das aves migratórias em direção ao sul e jamais voltei.


metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.

Comentários

Anônimo disse…
Partiu e não esqueceu?
Maria disse…
puxa Fabio, ainda acabo culta por tua causa. e lendo poesia, o que torna todo o aprendizado agradável.
amigo e pro, :)
boa semana, beijãooooooooo.
Maria disse…
hahaha, valeu Fabioooooooooooo!
Anônimo disse…
Mariazinha, como você é bonita menina!
Anônimo disse…
Eu passo por aqui como um barco na noite.

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Embriaga-te de Baudelaire