Os berries da Baronesa


Sempre que viajo costumo consultar o Guia 4 Rodas para descobrir novos restaurantes e pratos. Em alguns aspectos sou um tursita bastante comum. Visito as atrações do local, entro em museus e igrejas históricas. A diferença é que, ao invés de entrar nas lojinhas de souvenir ou gastar dinheiro nos produtos típicos da região, eu prefiro comer bem.

No final de semana passada fugi com a família para Campos do Jordão. Não é exatamente uma cidade desconhecida. Minha família se relaciona com a cidade há décadas. Meu avô foi administrador do Umuarama, quando aquilo ainda era um hotel de classe. Meus pais passaram a lua-de-mel por lá. Tenho dois tios e vários primos que moram na cidade.

Desde a minha época de mocidade de igreja, quando íamos para acampamentos, também no Umuarama, já um tanto decadente, eu me acostumei com as paisagens do Pico do Itapeva, do Horto Florestal, do Alto da Boa Vista e da Pedra do Baú. E também da sessão turismo brega : o teleférico do morro do Elefante, a Ducha de Prata e o chocolate quente da pracinha do Capivari. Nunca estive no Festival de Inverno, mesmo porque Campos do Jordão em julho é um programa de uma insanidade diferente das minhas.

Na minha pesquisa selecionei três restaurantes para escolher dois quando estivesse por lá. Harry Pisek, La Cucina della Donatella e Beto Perroy, esse último uma churrascaria que ficaria de estepe caso as crianças não topassem algo diferente.

Chegamos na 6a feira à tarde. Como já estamos na temporada de inverno resolvi ligar antes para fazer reserva para o jantar. O Harry Pisek não abria para o jantar de sexta feira (!!). Tentei La Cucina, a resposta que recebi foi que, como a Donatella não estava lá o restaurante não ia abrir (!?!) - um modelo bastante profissional de funcionamento numa cidade cheia de turistas. Comer churrasco à noite não era o meu sonho de consumo.

Fui salvo pelo guia da cidade que recebemos no portal quando chegamos - a indicação de um bistrô no Alto da Boa Vista - o Baronesa Von Leithner.

O Baronesa, está numa fazenda de berries (nunca vi alguma tradução para esse termo que designa as frutas como amoras, framboesas, morangos e mirtilos) e a sua culinária é toda cercada dessas frutinhas. Não é um restaurante para quem têm resistências a pratos acre-doces. Eles até tem alternativas mas seria um desperdício ir na Baronesa para comer macarrão com frango.

Comi um lombo de porco com molho de amoras, a Elsa uma truta recheada de amêndoas e mirtilos. As crianças foram em soluções mais comuns, mas a Letícia encheu a cara de comer as imensas amoras que vinham no couvert, mas não gostou dos mirtilos.

A carta de vinhos do bistrô é bem variada e os preços são honestos. Tomamos um Malbec da Catena que desceu muito bem com a profusão de frutas.

Para completar a festa, a sobremesa foi um mil folhas com frutas diversas. Até eu, que não sou um grande consumidor de doces, me esbaldei.

Amanhã eu falo das salsichas do Pisek.

Comentários

Cristiana Soares disse…
A tradução para "berries" aqui no Brasil é "frutas vermelhas". Eu adoro!! Fiquei com água na boca e inveja da Letícia...
Anônimo disse…
O pessoal da 4 Rodas pediu para te agradecer. Faz tempo que eles queriam descobrir quer era você.

Com essas frutas eu só teria pedido o vinho e a sobremesa.
Taty disse…
Mmmmmmmmm, gostei + da escolha da Elsa, mas a Leticia!!! Mais uma estrelinha pra ela.
Anônimo disse…
Também não sou fã de doces, mas a fruta in natura caíria bem...
Sandra Camelier disse…
Experimente uma pizza, crocante, comida com as mãos, no encantador Tarundu. Numa noite de inverno, dvd de música romântica, lareiras ... é tudo de bom.
clau disse…
Oi Fabio!
Estas coisas eu costumo colher nos meus passeios aqui pelos bosques intorno de casa.
Dai o nome,muito apropriado, de "frutti di bosco" ou, como disseram acertadamente ai em cima: frutas vermelhas.
Bjs!
Fábio Adiron disse…
Cris e Cláu : gosto de frutas do bosque. Tenho problemas com o termo frutas vermelhas, afinal existem frutas vermelhas que não são berries e berries que não são vermelhas (blackberry, blueberry...)

Sandra : eu fiquei pertinho do Tarundu, quem sabe numa próxima

Lou : eu tenho esse mau hábito, quando gosto de algo faço propaganda gratuita...também quando não gosto...

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