Contículo anafórico
Quando não tinha nada, eu quis. Chico César
Nem tudo que ronca é porco, nem tudo que berra é bode, nem tudo que reluz é ouro, nem tudo falar se pode.
Mas contarei essa história fatal.
Mas contarei essa história fatal.
Ah homens… Ah moradores… Quantos, correndo… Quantos, embarcados… Quantos, navegando… Quantos na nau…
Pelos mares singrando, só um chegou vivo à ilha. Ilha cheia de graça. Ilha cheia de pássaros. Ilha cheia de luz. Ilha verde onde havia mulheres morenas e nuas.
Mulheres que ao verem o náufrago navegante se perguntavam : será que ele vem me ver? será que ele me deixa viver? será que posso aquecê-lo?
Ele adorou os cabelos, adorou as vozes, adorou o calor a ponto de reconhecer que era fogo que ardia sem se ver, era ferida que não sentia , era um contentamento descontente, era uma dor desatinada sem doer.
Mas um dia chegou outra nau, um dia chegou o resgate, um dia chegou a salvação que ele não mais desejava.
E o levaram da ilha deserta, e o levaram de volta à patria, e o levaram de volta aos seus.
Nunca se recuperou, nunca se conformou, nunca, nunca mais voltou à razão.
E murmurava nos cantos, e murmurava nos becos e murmurava à beira do cais.
Depois o areal extenso... Depois o oceano de pó... Depois no horizonte imenso...
Pelos mares singrando, só um chegou vivo à ilha. Ilha cheia de graça. Ilha cheia de pássaros. Ilha cheia de luz. Ilha verde onde havia mulheres morenas e nuas.
Mulheres que ao verem o náufrago navegante se perguntavam : será que ele vem me ver? será que ele me deixa viver? será que posso aquecê-lo?
Ele adorou os cabelos, adorou as vozes, adorou o calor a ponto de reconhecer que era fogo que ardia sem se ver, era ferida que não sentia , era um contentamento descontente, era uma dor desatinada sem doer.
Mas um dia chegou outra nau, um dia chegou o resgate, um dia chegou a salvação que ele não mais desejava.
E o levaram da ilha deserta, e o levaram de volta à patria, e o levaram de volta aos seus.
Nunca se recuperou, nunca se conformou, nunca, nunca mais voltou à razão.
E murmurava nos cantos, e murmurava nos becos e murmurava à beira do cais.
Depois o areal extenso... Depois o oceano de pó... Depois no horizonte imenso...
Desertos... desertos só...
Com as colaborações involuntárias de Cassiano Ricardo, Camôes e Castro Alves
Com as colaborações involuntárias de Cassiano Ricardo, Camôes e Castro Alves
Anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
Comentários
Eu, pessoalmente, gosto e acho muito valido lançar mao deste recurso para dar enfase àquilo que se pretende sublinhar ou ressaltar.
E além de tudo, fica muito bonito tb...
Bjs!