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Mostrando postagens de fevereiro, 2009

Esopiana - parte II

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Porém já cinco sóis eram passados que dali nos partíramos, cortando a grama e o mato esbugalhado, quando novamente encontramos as comadres no quintal. Ainda receosa do último encontro, a barata não se aproximou da lagartixa e postou-se ao lado de um ralo que lhe permitisse uma rápida fuga, se necessário. " - Bom dia amiga, você está com uma aparência melhor hoje, mais corada... " - Isso lá é verdade dona baratinha*, encontrei um ninho de pernilongos no telhado e há uma semana ando bem alimentada. E a senhora, teve melhor sorte ? " - Qual o que..., nem aquelas tripas de camarão que eu fiquei namorando sobraram, os monstros não comeram, mas fecharam num saco tão amarrado que eu passaria eras geológicas roendo para alcançá-las..." " - Eles estão ficando cada vez piores. Imagine que outro dia perdi o Geconildo, só porque a monstrinha estava com medo dele. O monstro barrigudo ainda tentou explicar que lagartixas são boas porque comem insetos, mas não teve negociaçã

Esopiana - parte I

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Estava linda Inês posta em sossego, na rede da casa de praia, colhendo coquinhos, quando avistou no muro de hera uma lagartixa caminhando em direção a uma barata. Certa de presenciaria mais uma cena de documentário sobre a cadeia alimentar, ficou perplexa ao ouvir as duas conversando: "- Bom dia comadre geconídia - saudou a inseta - como andam seus passeios noturnos pelos tetos e paredes?" "- Bom dia neóptera colega. Os passeios andam cada vez mais longos e cansativos. Especialmente nessa nossa casa." "- É verdade gélida amiga, a vida não anda fácil não. Eu que esperava mais sobras com a chegada dos veranistas, também ando me arrastando de fome". "- Eles estão ficando cada vez piores. Antigamente se protegiam só nos ambientes internos, agora nem nosso quintal escapou." "- Acho que o monstro barrigudo deve ter se convertido a uma nova seita zoroástrica. Todas as noites acende aquela espiral fumarenta aqui na varanda. Se aquilo ainda matasse

Definição

Na escuridão das noites vazias És esperança Nas duras horas de amargor És razão de viver Nas lutas debatidas em vão És recompensa Na procura de um destino incerto És encontro Nas páginas em branco da minha vida És poesia

Trucidando analogias

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Tema: A fome é a melhor cozinheira Variações: Água e mantimentos vão na algibeira Ginástica de amor é a melhor canseira Gelatina endurece, na geladeira Nunca vi o menino na porteira Morro da Viúva e Ilha Solteira Velho folião, sai na jardineira Sombria e úmida clareira Leite frio vai para a chaleira Ouviu berimbau, é capoeira Insano analogando, é brincadeira A imagem de hoje é uma homenagem ao Lou Mello que, frequentemente, ilustra seus posts com belas mulheres.

Consultório insano-sentimental

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Fazendo a sua função de utilidade pública, o Mens Insana atende regularmente o chamado desesperado de seus leitores através da coluna "Pergunte ao Insano". A pergunta de hoje, vem de Nova York, Maranhão , de um leitor que se denomina "Ansioso cronométrico" : Prezado Insano, Marquei um compromisso com uma pessoa que quero muito encontrar, mas isso só vai acontecer daqui a uma semana. Como posso ocupar meu tempo sem enlouquecer? Querido Cronométrico A ansiedade pode provocar males diversos ao fígado e ao coração, por isso recomendo que seja controlada rigorosamente, sob pena de, ao invés de comparecer ao seu encontro marcado, passar uns dias em alguma UTI. Abaixo seguem algumas distrações possíveis: Se você for do estilo literário, pode escolher entre a Busca do Tempo Perdido de Proust ou os Lusíadas de Camões. Certamente os dias passarão antes que você chegue ao fim de qualquer um deles. Contra-indicação : você pode gostar tanto dos livros e perder a hora do seu com

Aforosos insanerismos

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Solidão é ter a alma inundada de silêncios Desastres acontecem até na cabeça de um alfinete. Aonde pousam olhares que não se cruzam ? Nem toda verdura é verde. Nem dura. Prefiro o tédio* da coerência do que a aventura da contradição. A falta de razão tem razões que são um arraso. Não me venha com indiretas, eu odeio terceiros, ainda que metafóricos. Seu silêncio responde todas as minhas perguntas. Corolário: As respostas muitas vezes estão nas perguntas não formuladas (vs) Não acredito em coincidências só em reicidências. * segundo Wilde "A coerência é o último refúgio dos que não têm imaginação" (curiosamente ele foi preso por manter sua coerência)

Como um lírio

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Nos seus olhos o brilho colorido de oceanos, nada pacíficos, trazia o mistério de continentes submersos. Seria apenas um sonho? Um delírio? Um presente que, de surpresa, me brindava o universo? Deixei-me levar pelas ondas arrebentando em cores e paredes, por canções e não poucos versos. Enquanto me guiava em corredores repletos de tesouros um mundo totalmente diverso. Entre linhas e entre textos escancaravam-se janelas, portas e almas mostrando seus anversos. Nem mesmo tempestades de adagas flamejantes nos deixarão dispersos. Nem densas trevas cotidianas esconderão o bem querer onde me alicerço. Imagem : quadro pintado por Virgínia Susana

Panis non conficitur sine farina

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Para a Claudia, pela receita e para a Virginia, pelo poema Meu leitores mais assíduos conhecem meu relacionamento tumultuado com os pães . Não é de hoje, e tão pouco de ontem que eu me aventuro na arte da panificação com resultados variando da mediocridade intolerável ao desastre hecatômbico. Ja tentei as mais diversas receitas. Mais simples, mais complexas. Usando óleo, usando manteiga, usando banha. Fermento biológico, fermento em pó, só faltou usar fermento inativo. Já estava decidido a me recolher à minha panifícia ignorância e me limitar a fazer pão de queijo (que, por sinal, não usa fermento) quando me convenci de que a esperança é a última que morre. Desde junho do ano passado eu tinha guardado uma receita que a Cláudia publicou no seu ótimo "...pro mnesis", que ela chamou de pão perfeito . Não sei se foi especialmente dirigido para mim, mas esse mês ela publicou outra receita chamada "pão à prova de qualquer desastre" e eu afirmei que, no meu caso, isso não

A volta de repressão

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Vivemos em tempos difíceis. Depois de alguns anos de democracia relativa ou, pelo menos, ausência de repressão organizada, parece que estamos voltando aos momentos mais atrozes das ditaduras. Diferentemente do passado, agora não são militares ou tiranetes de plantão que assumiram o perfil repressor, mas os nutricionistas. Sim, meus concidadãos, essa classe que emergiu entre as novas profissões nos últimos anos está empreendendo uma perseguição implacável a nós e outros radicais livres. Alegam que somos instáveis, que temos um comportamento ímpar e ainda nos acusam de reações exacerbadas com o que encontramos pela frente, a ponto de nos acusarem de ladrões de elétrons. Não percebem que nós, radicais, livres, abandonamos há muito a luta armada e a guerrilha urbana. Nos tempos da ditadura nos chamavam de provocadores e degenerados, agora, dizem que provocamos a degeneração de tecidos sociais. Nem mudaram a terminologia. Mais do que isso, alguns colegas estão sendo processados pelo assass

Na trilha de Afrânio Peixoto*

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Na remota cidade de Acad, um auruspice medanista que cultivava epicantos, dedicava-se à parassematografia. Todos os dias, depois de realizar sua asssepsia anti-ulômica, atrelava saigas à sua carroça, saudava as potâmides do Ili sobrelevando sua bacorinha de um modo quase fescenino e dirigia-se à sua seiada. Entre aragoas e taiobas que cozia em sirage, sacudia o cavername adiáforo e coçava as gelhas em meditação. Consultava seu esclerômetro e sua infusão de pérula, em busca de respostas que não fossem catacréticas. Mas não havia teriaga que o tirasse do seu rodamento domatófobo, ainda que seus hábitos cancrívoros garantissem sua evemia. Ao fim de cada dia, embarcava em seu acátio turbinado por albacoras, como se um lamego fosse, e anegava-se no seival. * Júlio Afrânio Peixoto (Lençóis, 17 de dezembro de 1876 — Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 1947) foi um médico, político, professor, crítico literário, ensaísta, romancista e historiador brasileiro.Ocupou a Cadeira nº 7 da Academia Bra

Banquete frugal

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Muitas vezes passo a impressão, pelas receitas que publico aqui, que meu mundo gourmet se resume a pratos sofisticados e complexos. Não é verdade. Se, de um lado, gosto dos temperos, ingredientes e combinações incomuns, de outro sou fã da boa e velha culinária do cotidiano. Hoje, por exemplo, tive um banquete no meu almoço : língua e jiló. (se você torceu o nariz para um ou para outro, ou para ambos, não sabe o que está perdendo) A língua do boi (podia ser vaca também, mas o açougue não fornece dados a respeito do gênero do bicho) é uma das partes mais saborosas do bovino. Usada na culinária de várias origens, especialmente na cozinha judaica, é muito rica em nutrientes. Tem apenas o defeito de ser de digestão lenta, ou seja, não é um prato para comer antes de dormir. Nesse ponto que entra o jiló como acompanhamento Muitos costumam dar a desculpa de que o nobre fruto (o jiló não é um legume) é amargo. Amargas também são as chiquérrimas endívias e o colorido radicchio, nem por isso sã

Conticulóides coloridos

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Vermelho Aproveitou a parada do sinal e despencou. Chorava tanto que o motorista do carro ao lado lhe lançou um sorriso de conforto. Quando o farol abriu ela lhe deu uma fechada e ainda fez um sinal obsceno - sua dor não aceitava misericórdia. Amarelo Quando pequeno lhe contaram que os orientais eram da raça amarela. Ficou imaginando seres da cor do girassol. Decepcionou-se ao ver que sua namorada, nipônica, tinha outro colorido. Verde Frustrado por não ter os olhos de sua mãe, ela passou a vida em busca de um marido de olhos cor de esperança, na esperança que os filhos pudessem compensar sua perda. Estragou a vida preferindo a genética à paixão. Azul Antonio era um otimista. Perto dele, Poliana não passava de uma brincadeira de criança, nem a maior desgraça o abalava. Quando a mulher o trocou por outra, ele teve uma iluminação e fundou a igreja do onanismo maniqueu. Dizem estar perdido em alguma ilha da Oceania em busca de prosélitos, Laranja Todos os dias, Agnaldo passava pelo prédi

De um trocadilho

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Anárquica Arco com a ausência de você Quica coração Bola em terreno baldio Cheio de crianças. Anárquica experiência Rara e rica Detalhes Sensações Amiga alegria : anarquista conquista espaços de um coração aonde só cabem o anarquismo o lirismo de uma rosa paixão: primeiro.

Confuso horário

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Eu sou fã do horário de verão. Gosto das tardes claras e da luz até 7, 8 horas da noite. Sempre lamento quando recebo a notícia que vai acabar. Normalmente, tenho o hábito de começar a acertar os relógios da casa durante a tarde do sábado (o horário de verão sempre começa e acaba em domingos) assim, quando acordamos já estamos no fuso correto. Quando ele começa, isso é fundamental, pois perdemos uma hora e já aconteceu de eu chegar num compromisso no domingo de manhã, quando esse já tinha acabado. No final, quando ganhamos (ou recuperamos a hora perdida) essa paranóia dos relógios é menos relevante. Na pior das hipóteses podemos chegar antes em algum lugar. Por isso mesmo ontem não me preocupei muito com isso. Acertei meu relógio de pulso, o computador e o celular se acertaram sozinhos...e fui dormir. Acordei com a minha mulher me perguntando : "você acertou o relógio da cozinha?" Respondi que não e ela quis saber que horas eram... zumbi de sono procurei o meu relógio no cri

Vovô viu a uva

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Começou a aparecer uva preta no mercado. Alguns chamam de uva Bordeaux, apesar de não ser exatamente uma Carbernet ou Merlot, é a uva que permite a fabricação caseira de suco e geléia de uva (na dúvida, pergunte para o seu feirante ou fruteiro do mercado se é a uva de suco, uva de mesa não se presta para isso). Fazer suco e geléia não exige prática, tão pouco habilidade, mas é preciso de braço forte, especialmente com a geléia. Não esqueça de preparar um estoque de recipientes proporcional à quantidade de uva que você comprou - no Ceasa de São Paulo, por exemplo, vende-se em caixas de 6 kg, o que produz uns 10 litros de suco e cerca de 1,5 kg de geléia. Pegue a uva e separe os bagos dos talos. Lave-as e, numa panela grande (se comprar muita uva, uma panela imensa), coloque as uvas e água na proporção de 2 litros de água para cada kilo de uva. Cozinhe em fogo alto e fique de olho na panela quando começar a ferver. Sujar o fogão de suco de uva não é exatamente uma aventura divertida. Qu

Poemeto tragicômico

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Na imagem a lembrança, relembrava o tempo de harmonia e sentimentos. Acordes no compasso da dor. a foto no aparador sábado, dia de ócio e tragédia solidão e cenas de amargura o abandono o abandono que só se vê na fotografia. Ele sozinho no quarto meias pretas e cuecas o espelho revelador o bandoneon a chorar.... Um corpo sobre a calçada Sirenes na madrugada. Ela sozinha na esquina Saia longa e botina Cafeína e nicotina Nem notou sua ruína.

Até que a rede nos separe

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Já soube de muitas histórias esdruxulas a respeito de fins de namoros ou de casamentos. Algumas envolviam violência, outras abandonos seguidos de desaparecimento puro e simples de um dos cônjuges. Separações resolvidas por telefone, por carta, por recado dado a amigos... Mas o caso do Neil Brady foi o primeiro que eu tomei conhecimento. Fiquei imaginando como seria se ele tivesse escolhido outro meio virtual : (para facilitar a leitura usarei sempre "ele", mas tudo abaixo também vale para "elas") Divórcio pelo Orkut O primeiro sinal é quando você descobre que perdeu a estrelinha de fã dele. É como dizer "o gato subiu no telhado". Depois descobre que seus scraps são apagados sem que tenham resposta e seus depoimentos rejeitados. Até que um belo dia você descobre que foi excluída, pior, ele colocou nos seus vídeos o filmete " Vou-te excluir do meu Orkut ". Pontapé pelo MSN Geralmente são divórcios rápidos. A frase clássica é : Vc naum e + nd p/

Desalinhado

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Ella llevaba una camisa ardiente Ella tenía ojos de adormecedora de mares Ella había escondido un sueño en un armario oscuro Ella había encontrado un muerto en medio de su cabeza (Ella - Vicente García-Huidobro - 1941) A geometria define uma linha como sendo um conjunto alinhado de pontos. Pode ser uma reta, ou não. Sendo, alegam que seja a menor distância entre dois pontos. Não existem linha finas ou grossas. Uma linha grossa cria uma segunda dimensão e a linha passa a ser uma área e não a linha. Corolariamente, dizer que existe uma linha fina que separa o amor do ódio é um pleonasmo. Se a linha for reta, vicioso, se for curva pode até ter algum estilo. Existem linhas reais e imaginárias. Da segunda categoria a mais famosa é a do Equador, que nem Gagarin conseguiu ver, em meio a tanto azul. Tanto as linhas que unem, como as que separam são muito frágeis. Podem ser rompidas ou ultrapassadas com pouco ou nenhum esforço. Intencionalmente ou não. Linhas que separam a guerra da paz. Linha

Hai kais vegetais

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Cenoura Lábios de carmim Radiante sensação Beijo colorido Arroz Suor escorrendo Num olhar desconfiado Íntima união Endívia Tua palidez Escancara um universo De certo amargor Uvas A minha paixão Não aceita aperitivo Do tempo que passa Tomate Gotas venenosas Corre o sangue em minhas veias Rubro e assustador Se quiser saber mais sobre hai kais, veja aqui

Cloaca literária

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Depois de ter me debruçado sobre o ralo , recebi de presente do meu primo Alberto um livro que é uma jóia histórica: Temples of Convenience & Chambers of Delight . O livro da inglesa Lucinda Hamilton mostra o banheiro através da história. Poderia se chamar "um luxo de WC" ou "o conforto da latrina". Não sei se o livro foi editado no Brasil e se está disponível nas melhores lojas do ramo (livrarias, é claro, se bem que poderia ser vendido em lojas de equipamentos sanitários). Caso sim, recomendo a leitura. O que me preocupou, assim que recebi o livro, foi onde ler os templos da conveniência ? Como é um típico livro de mesinha de sala, pensei em deixar por lá e ir lendo nos momentos que dou uma descansada no sofá. A idéia não foi bem recebida em casa : fotos de privada na sala ??? Também fui obrigado a tirar da mesa do escritório, sob a alegação que ficaria estranho caso algum cliente fosse folheá-lo antes de uma reunião. Na sala de jantar eu mesmo já concluíra q

Como entrar numa blogotrip

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Antes de mais nada, para realizar uma blogotrip é necessário: a) Ter tempo de sobra, ou não ter tempo de sobra mas não estar com vontade de trabalhar b) Uma dose razoável de tolerância com o que as pessoas escrevem (seja no conteúdo, seja na forma) c) Não ser um crítico de estética, nem diretor de arte de agência pós-moderna. d) Ter certeza que as crianças estão dormindo. Seja para não ver algumas besteiras, seja para não ouvir seu palavrões que podem ser inevitáveis. e) Não ser um realizador frequente de egotrips, pode dar choque anafilático. Roteiro básico : 1. Escolha um blog qualquer que você costuma frequentar*, pode ser até mesmo esse 2. Escolha um dos blogs que estão linkados e vá até ele 3. Leia a postagem mais recente, depois veja a lista dos blogs que estão linkados, escolha algum onde nunca esteve e continue a viagem. Observações importantes: i. se você gostar muito do blog que achou, coloque nos seus favoritos, mas não continue a ler nesse momento. Blogtripper sério só l

Bom prá cachorro

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Já ouvi falar várias vezes de inversão de valores, de inversão de faltas (especialmente em futebol) e até de reversão. Nunca tinha ouvido falar em inversão de nomes próprios. Fui de manhã numa ótima loja de vinhos que tem aqui do lado de caso e, enquanto eu me deliciava com as opções o Samuel encontrou uma moça com três cachorrinhos e ficou brincando com eles - os cães, os cães, ele ainda não fica se engraçando com as moças, tanto que nem pediu o telefone dos totós. Aliás, nem poderia pedir o telefone dos totós, porque nenhum dos três animais tinha nome de cachorro. Era a Ana Júlia, a Bianca e o Joaquim. Fiquei com saudades do tempo que cachorro erá Totó, Faísca, Rex e Fluffy. Nomes pomposos só tinham os cães de raça e, mesmo esses, tinham apelidos carinhos e seus donos não costumavam se referir a eles como Anatólio de Weinbrungen. Creio que totó surgiu justamente como um apelido para esse cão. A verdade é que os cachorros estão substituindo os filhos e, por isso mesmo, levando os nom

A insublimavel antologia de Janeiro

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Janeiro foi um mês curto de postagens, mas rico de insanomentários. Como sempre recomendo, não procure o contexto dos mesmos, mas divirta-se imaginando uma situação para cada um deles: Você comeu muitas ostras? ...paguei caro essa infâmia... Santa Clarice Lispector da fina talhada de melancia E eu que pensei não saber sâncrito, russo, finlandês e romeno!!! ...meu pai aurélio já estava pegando poeira. depois que os pés estão empanados, a gente frita ou assa? ...liberdade indescritível, só comparada a tirar o soutien. Sabia que eu tive aulas de português com um tataraneto de Dom Palheta ? Parece um círculo redondo... Por um acaso essa senhora Kung Fu tinha filhos chamados Tai Chi Chuan e Aikidô? Por aqui loucos varridos não vão para debaixo do tapete

Ab infantia usque ad decrepitam senectutem

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Revirando os meus alfarrábios encontrei a minha primeira tentativa poética. As rimas são pobres e os pés estão quebrados... fica aqui como um registro histórico Poeta Queria fazer poesia Mas eu nunca fui poeta como sê-lo, tal queria Se nem a rima sai correta E não é que agora acertei Foi só para me desmentir Já que isso, muito bem sei Eu nunca irei reproduzir. Raios...o que houve comigo? Ora, novamente acertei Não há de tardar, meu amigo Em breve,aguarde, eu errarei Vou fazer você tão feliz Me esforçarei até errar Dessa vez, veja, por um triz Novamente fui acertar Caro amigo, dileto leitor Agora enfim lhe deixarei Com tristeza e tal amargor Sem sua atenção. Xi! Errei ! 29 de outubro de 1975 (revisado quase 34 anos depois) Antes que me perguntem : a foto é mais antiga que o poema

Selo ou não selo*?

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Constantemente eu vejo blogs de amigos sendo premiados com condecorações oficiais da blogosfera. Recebem o selo Dardos, o selo Flechas, o selo Zarabatanas e, os melhores, já ganharam selo Bala de Festim. Tem o blog amigo, o blog massa, blog original, blog simpático, blog show e blog blog (os que receberam o selo glub glub morreram afogados, resquiecat in pacem ) Até hoje o Mens Insana se posicionava contra esse tipo de ação entre amigos. Agradeceu alguns confetes recebidos mas, como o síndico do blog não gosta de carnaval, acabou nem retribuindo nem espalhando serpentina. Até que hoje eu achei o único prêmio coerente com a missão, os princípios e valores insanos (se você não conhece a nossa carta de princípios leia o primeiro texto publicado aqui ) Revolvi lançar mais um prêmio blogante : O certificado de insanidade . Para manter a nossa filosofia, as regras do prêmio serão as seguintes : 1. Escolha os 7 blogs mais absurdos que você já leu 2. Apague-os dos seus favoritos e coloque na

Assassinando analogias

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De grão em grão a galinha enche o papo Quem muito resmunga leva sopapo Mesmo em sinuca eu encaçapo Se não tem terno vai de farrapo Óleo na pista e eu não derrapo Azeite bom vai mais que um fiapo De olhar em olhar conquista o guapo Licor de cajá e de jenipapo Gaze, mercúrio e esparadrapo Você descasca e eu encapo Cosa nostra sempre tem capo

Fruto proibido

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Manuel estava arrependido. Também estava de ressaca, mas isso era uma outra questão. Mais do que a boca de cabo de guarda-chuva (sim, continua com hífen) ele sofria as dores do remorso pelo que tinha feito junto com ela. Seu corpo todo, a começar do fígado, estava em pandarecos. O filme passava continuamente na sua cabeça, o que aumentava a sua dor. Ele a tinha visto logo cedo, do outro lado da calçada da rua onde morava. Não era a primeira vez que isso acontecia mas nunca antes tinha se arriscado. Quando voltou da padaria ela continuava lá com aquela sua cor tentadora. Mudou de calçada para observá-la melhor. Mais perto dava até para sentir o seu perfume. Não resistiu e puxou papo com o sujeito que estava com ela que era seu antigo conhecido. Ela acabou envolvida no assunto e envolvida por ele que a convidou para a ceia daquela mesma noite. Ela não teve como recusar, a proposta era precisa e direta. A ceia correu sem sobressaltos, até de maneira frugal. Depois da refeição ele a levou

Como uma onda

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Uma onda é uma perturbação oscilante de alguma grandeza física no espaço e periódica no tempo, esse conceito também é bastante conhecido como fazer onda, ou enrolar o circunstante com quem que se conversa. A oscilação define comprimento de onda e a periodicidade no tempo é medida pela freqüência da onda, que é o inverso do seu período, seja lá o que isso signifique, mesmo porque eu não estou fazendo mais nada do que tirar uma onda de vocês. Uma onda se propaga através do espaço ou através de um meio (líquido, sólido ou gasoso), de qualquer forma, as ondas mais famosas são as do mar, que já foram massacradas até pelo Lulu Santos. Quando ele declara que a vida vem em ondas ele não explica o comprimento,a frequência ou a velocidade da metáfora, o que torna sua afirmação sem nenhum valor científico. Nada impede que uma onda magnética se propague no vácuo. A pergunta filosófica derivada desse fato é : se ninguém está no vácuo, a onda existe ? Uma onda pode ser longitudinal quando a oscilaç

Sou do contra

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Desde o seu lançamento ouvi muita gente me recomendando o filme Sideways (em português denominado "entre umas e outras"), especialmente por saberem que eu gosto de vinhos e essas pessoas acreditarem que o filme seja sobre esse tema. Durante a minha maratona cinematográfica das férias (esse ano assisti 41 filmes) carreguei o DVD na bagagem. Se, dentre todos, não foi o pior filme que vi, certamente ficou classificado entre os 3 mais chatos e soníferos. O filme se define como uma comédia (inclusive ganhou prêmios nessa categoria). Não tem graça nenhuma. Os personagens são pobres. De um lado um depressivo professor que não dá uma bola dentro da vida (o que os americanos classificam como "loser"), de outro seu amigo infantil e priápico. As mocinhas da trama também não se destacam pela originalidade nem pela profundidade. O roteiro chega a ser indecentemente previsível. Boy meets girl, começam um relacionamento, tem um desentendimento provocado por um mal entendido e acab