Restauração de antiguidades


Um dos meus roteiros mais usuais por São Paulo é passar por Pinheiros, especialmente num trecho da Rua Cardeal Arcoverde repleto de lojas de antiguidades e, consequentemente, vários ateliês de restauração de móveis. Como é uma rua movimentada e o trânsito da cidade é um caos, fico parado tempo suficiente para imaginar insanidades.

Numa dessas vezes fiquei pensando o que aconteceria se as pessoas passassem a usar técnicas de restauração em si próprias, algo como uma inovação dos tratamentos plásticos. Seria bastante útil para todos que tenham cara-de-pau :

Pátina-provence : acabamento de aparência delicada, lembrando um suave envelhecimento (desgaste), sem relevo e de fácil aplicação. Pode ser feito em casa mesmo e é especialmente indicado para aquelas pessoas que acreditam em envelhecer com classe. Claro que a técnica pode variar de acordo com a pele de cada um. Especialmente recomendado para pessoas com faces de tons pastéis que tenham alergia a betume. Permite a mescla de cores mas, a menos que a pessoa esteja indo a uma festa à fantasia não é muito recomendado. Permite que humanos velhos ou com acabamentos fora de moda ganhem uma aparência nova e com tonalidades claras seguindo a tendência de mercado.

Pátina Satiné (também conhecida como pátina lavada) : satiné é uma pátina de fácil aplicação, mas que exige cuidados para que não fiquem manchas ou excesso de tintas, assim como certos tipos de maquiagem. Não é para qualquer um pois, apesar de realçar a beleza, ressalta o desenho de seus veios e poros. É preferível em peles claras e que tenham desenhos nos veios e poros abertos. Já na pele avermelhada não é muito indicada, pois a tonalidade obtida com a pátina é meio avioletada de difícil combinação outras cores. Os restauradores que usam essa técnica preferem trabalhar com matérias primas virgens, sem acabamentos anteriores, pois a técnica necessita dos poros abertos e uma vez com depósitos de base ou botox não é possível a aplicação, a menos que se faça a limpeza total da peça.

Pátina com fundo : o objetivo desse acabamento, também conhecida como pátina cheia é esconder a aparência original. Essa técnica permite corrigir pequenas imperfeições existentes, como buracos, arranhões, deixando a peça com uma aparência lisa e uniforme e com aspecto de rosto novo - concorre diretamente com a cirurgia plástica.

Decapê : técnica usada para envelhecer peças. O visual é semelhante ao da pátina com fundo, porém o decapê, possui os “risquinhos” em alto relevo, assim como na pátina essa técnica também esconde o material original. Tem tido alta demanda de adolescentes que querem aparentar mais idade do que tem.

Laqueação : não confundir com laqueadura que é outra coisa. A laqueação é uma técnica de restauração de gente onde se pode escolher mais de 1200 cores em catálogo, sendo que podem ser brilhantes, acetinadas e até foscas, trabalha-se com cores personalizadas e amostras de clientes. È a mais inclusiva das técnicas, mas também a mais complexa e cara. O laqueado não é apenas uma pintura normal . Antes de ser aplicado existe todo um processo de acabamento anterior (aplicação de massa, fundo de tinta, lixamento completo) a fim de deixar a pessoa sem nenhuma imperfeição (buracos,riscos profundos). Seu acabamento é liso, sem falhas, sem manchas e por igual. A aplicação é difícil de descascar pois as tintas não são a base de água.

Estonado e Satiné : restauração bastante rústica, o aspecto lembra o desgaste do tempo, arranhado nos cantos e bordas como se o tempo o tivesse desgastado. Geralmente em branco e com o efeito da cor de fundo da pele existente. Perfeita para pessoas que querem aparentar serem maus, especialmente capatazes, chefes de repartição e professores bravos.

Texturização e marmorização : é uma técnica utilizada em pernas e braços podendo ser misturados vários tipos de desenhos,motivos com envelhecimento, com gel ou tintas (sem relevo) e aplicação de estêncil. Cada corpo necessita de um estudo anterior para verificar qual técnica se adapta melhor ao caso. A marmorização hoje é mais utilizada em pernas, braços e nádegas pequenos onde assim pode-se passar a sensação de ambiente aconchegante. Pode-se imitar qualquer cor existente ou criar algumas com tonalidades variadas

Tromp l’oeil : trata-se de uma técnica de pintura que reproduz o aspecto de materiais nobres ou até objetos, flores, que realmente parecem verdadeiros. Original da França, esta técnica abusa de efeitos de luz e sombra para conferir aspecto de realidade aos desenhos reproduzidos. Já era muito utilizada pelos gregos e romanos. Na Renascença, noções de perpectiva adicionaram ainda maior credibilidade às reproduções. Dentre os materiais mais reproduzidos, estão o os brincos e anéis de diamante, penteados exóticos, o granito, o bronze, ônix, cortiça e couro. Muito usada por punks e góticos.

Stêncil : Com essa técnica, é possível reproduzir desenhos diversos, utilizando-se máscaras vazadas, é muito usada em festas infantis em buffets. Esses moldes, que podem ser feitos em papel-cartão plastificado ou em acetato, são fixados na superfície para receber a tinta, que pode ser aplicada com pincéis, esponjas ou sprays. Esta técnica é muito utilizada para reproduzir flores em ombros, pernas, calcanhares, sem a necessidade do sofrimento e das agulhas de tatuagens e, ao mesmo tempo são mais duradouras que as tatuagens de hena.


Découpage : esta técnica, mais ousada, deve ser usada só por tribos mais radicais, consiste em colar imagens, figuras e desenhos ( extraídos de livros, revistas, ou do Google images)em superfícies e depois pintá-la com tintas e vernizes. O efeito é surpreendente e não tem limites, basta usar a sua imaginação. Dê preferência para as imagens que possuam pouco relevo pois caso contrário, aparecerão as marcas dos papéis e imagens que utilizou.


Eu ainda estou avaliando qual delas se aplica melhor em mim. Aceito sugestões.

Comentários

Anônimo disse…
Quando a carcaça não ajuda ( meu caso), mehor deixar para os urubus... ahuahuahua, no seu indicaria laqueação, acho que combinaria com seu forte sotaque paulista.
Anônimo disse…
Eu estou mais para um satiné. Você eu não saberia, como diz a amiga aí em cima eu não conheço o estado da carcaça.

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