O crime que compensa

Era um ladrão de devaneios. Só roubava aquilo que não existia.

Gostava de roubar sorrisos. A vantagem é que seus proprietários só os possuíam no exato momento do crime.

Alguns dos seus atos chegavam a ser violentos. Não poucas vezes arrancou suspiros, ar que que vai ao ar.

Dos amigos só tirava abraços, roubos mútuos e recíprocos.

Das crianças gargalhadas, com seu jeito de bobo da corte.

Seu crime preferido, no entanto, era roubar beijos de sua amada.

Na rua, em casa, no carro. Quando ela menos percebia, ele perpetrava a ação.

Assaltos que todos os dias ela registrava no seu boletim de ocorrências, mas só dava queixa se os roubos diminuiam.

Por esse crime ele foi condenado perpetuamente ao amor. Nunca recorreu da sentença.

Comentários

neli araujo disse…
Muito lindo, Fábio!

Gostei do teu crime!

Um abraço,

neli
Elis Zampieri disse…
Que seja o nosso caminho...Prisão perpétua a todos nós!
Nenhum advogado vai querer essa causa... ainda bem

beijos de domingo
Unknown disse…
Sou ré confessa!!!!
Beijos
Arimar disse…
Fábio.
Tenho certeza que você comanda uma quadrinha com esses elementos.

Comentário 2:
SOCORRO. Fui ASSALTADA.O Fábio acabou de me roubar encanto e sorrisos.
Fábio Adiron disse…
Neli: é o crime perfeito

Elis: as prisões tem celas exclusivas

Vilma: muito tentam. muitos tentam

Lu: cadeia já!

Arimar: nesse caso a quadrilha é só de dois

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Embriaga-te de Baudelaire