Humilde pecador
(a partir de uma idéia de Mário Quintana no Caderno H)
José era um sujeito muito humilde. Não que fosse um zé qualquer, mas tinha um espírito absolutamente desprendido.
Não se achava melhor que ninguém, muito pelo contrário, acreditava ser apenas mais um no meio da massa. Não cria ser merecedor de nada, ainda que tivesse conquistado muitas coisas por seu próprio esforço.
Sempre fora um sujeito honesto, correto, sincero e fiel. Muito religioso, admitia pecados que mal imaginara ter cometido só para se penitenciar de algo.
Um dia, já velho, adoeceu. Sabia que estava com os dias contados.
Começou a ouvir de todos que não deveria se desesperar : com a vida que levara só poderia esperar o céu.
Não que não conhecesse a perspectiva de um local maravilhoso, justamente por saber é que começou a ficar ansioso, aquilo era demais para ele.
Ninguém conseguiu convencê-lo de que ele merecia o paraíso, sua humildade excedia essa possibilidade.
Arranjou uma amante. Desfalcou o caixa da empresa onde trabalhava. Xingou o padre no meio da missa e, a caminho de casa matou o vizinho.
Podia morrer tranquilo. Seus pecados o excluiriam de um prêmio que não merecia.
Comentários
Acredito que se o José fosse um "stronzo" de um sacana, com certeza nao sofreria as agonias do desmerecimento, no qual acreditava piamente!
Qtos de nòs, poucos, nao fazemos o mm?...
Bjs, Fabio.
Abs,
Beijo