Sous plat
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Os anos se passaram e, todas as vezes que Rogério via sous plats nas lojas dizia que ia comprar. Nunca conseguiu.
Marisa sempre dava alguma desculpa para adiar a compra. Ora que não tinham dinheiro, ora alegava que recebiam poucas visitas. Mais de uma vez disse que sous-plat era coisa de restaurante, não de casa.
Quanto mais adiavam a compra, mais frustrado ficava Rogério. Até pensou em comprar sozinho, mas sabia que a mulher ficaria exaltada se ele fizesse isso.
As desculpas se sucediam. Num determinado momento a frustração começou a virar ressentimento. O ressentimento em ódio.
Marisa achou que a distância de Rogério era infidelidade. Só podia ter arranjado outra. Começou a seguí-lo pela rua.
Um dia viu-o entrando em um flat. Esse deveria ser o ninho de amor do canalha. Entrou atrás e perguntou na recepção qual era o apartamento de Rogério. A recepcionista a questionou sobre o seu nome e disse que ela não estava na lista de convidados. Marisa alegou que só tinha recebido o convite há pouco.
Subiu bufando. Convidados? Que tipo de bacanal ele estaria fazendo?
Tocou a campainha. Rogério surgiu à porta de avental. Ao ver Marisa começou a rir enquanto ela invadia o apartamento.
A mesa, posta para quatro pessoas. Todas com direito a sous-plat. Roxa de vergonha, Marisa foi em direção à saída, onde Rogério lhe pediu que ela arrumasse as suas malas e as deixasse na portaria.
Comentários
2. É terrível quando as coisas que são tãaaaao importantes pra um não têm o menor valor pro outro.
beijos de segunda
Que sempre existe uma coisa assim meio "sous" em um casamento, isto eu ja sabia.
Mas que fosse sò e somente um sous plat, mai...
Boa, Fabio!
Bjs!