Paulistíadas
Todo mundo já passou algum momento pelos Lusíadas, por curiosidade, deleite ou obrigação. Eu passei por obrigação no meu primeiro ano colegial. E digo obrigação não porque não goste de poesia, ou porque tenha algo contra Camões, mas porque meu professor de português (Jorge Miguel) era tarado pelo livro a ponto de sabê-lo de cór (10 cantos, 1102 estrofes de decassílabos em oitava rima), e passou o ano inteiro falando disso como se todo resto da literatura da língua portuguesa não existisse. Quando lembro dessas coisas acho que minha insanidade é ultra light - como tem gente esdrúxula no mundo...
Desde a armas e os barões assinalados que passaram ainda além da Tapobrana, a história do gigante Adamastor, a Ilha dos amores e a profecia da Sirena, os episódios se seguem no seu estilo pesado e repetitivo. No canto III aparece o desafortunado romance de Afonso e Inês de Castro, cuja estrofe mais conhecida é :
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
Meu pai, exímio gozador, sempre recitava esses versos com uma pequena alteração nos versos finais que diziam
Dos montes cai rolando entre as ervinhas
O derradeiro dente que ainda tinhas
O derradeiro dente que ainda tinhas
Como eu sou filho do pai, arrisco também a minha brincadeira, não tão escatológica como a dele, é claro :
Estavas, com sua tez em desapego,
De preto café bebendo doce fruto,
Naquele engano calmo, ledo e cego,
Que o rodízio não deixa durar muito,
Nos quintais verdes de limão-galego,
Aos teus formosos olhos eu escuto,
Aos livros ensinando e às vizinhas
O beijo que no dedo escrito tinhas.
De preto café bebendo doce fruto,
Naquele engano calmo, ledo e cego,
Que o rodízio não deixa durar muito,
Nos quintais verdes de limão-galego,
Aos teus formosos olhos eu escuto,
Aos livros ensinando e às vizinhas
O beijo que no dedo escrito tinhas.
Comentários
afinal esta pérola da insanidade , te traduz...
hahahhahaha...
bijim