Genuflexo


Genuflexo

Era só mais uma daquelas mensagens que a gente recebe todo dia em nossas caixas postais eletrônicas : “fulana publicou um novo post no seu blog falante”. Existem mensagens e mensagens, da mesma forma que nem todo fulano é um simples sicrano e algumas fulanas são mais beltranas que as outras resolvi abrir. Cliquei no link e caí de joelhos.

Literalmente. A mensagem era uma foto com uma frase. Mas não era uma foto qualquer, nem uma frase roubada de alguma compilação googlada. Entre os joelhos se entrevia o mundo e, antes que você meu leitor comece a ter delírios pornográficos eu já aviso que a visão era exógena. Passava pelos joelhos refletindo luz e continuava em direção à janela.

A frase de uma simplicidade e concisão assustadora. Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. A conjunção da imagem com aquelas 6 palavras dizia muito mais que as mil e seis possíveis. Não sou dado a fazer muitos comentários em blog, mas postei um trecho de um poema do Helvécio Goulart que dizia :

“Passem a viver entre nós seus joelhos pensativos
A flor de seus cabelos na cinza da neblina
O seixo de sua voz que rola....”

Ato continuo comecei a ver joelhos pelo caminho. Alucinação ? Insanidade ? A verdade é que a mensagem buliu comigo. Passei a ficar com uma certa fixação por rótulas (que por sinal mudaram de nome, mas essa é outra história). Eu que já tinha caído de joelhos, entrei de cabeça no jogo.

Não sem questionamentos, é claro. De novo lembranças, Tomzé cantando na caixa. Tenho no peito tanto medo. É cedo. Mas se tens bons senso ou juízo. Eu piso. Mais do que nunca me tardocedia e me cedotardava. Só mais um defeito de fabricação. E, antes tarde que sempre, comecei a sentipensar como se a foto tivesse sido colocada só para mim.

Para onde isso vai. Não sei e não quero saber. Não existe nada pior para o presente que a permanente preocupação com o futuro. O tempo não é a minha matéria, mas caminho de mãos dadas com a vida presente.

Sigo em frente, de joelhos, sem que isso se configure em auto flagelação nem masoquismo.


Entrevendo o mundo.

Comentários

Unknown disse…
Bem, desconhecia por completo esse teu lado mais , digamos ameno, gostei, virei mais vezes.

bijim , malmal
Taty disse…
Adorei o teu "lado profano". Pois é, joelhos que ontem eram chamados de rótulas e hoje são patelas...estranho, lembram pata com sei lá o quê, mas tudo bem, são as universalizações das palavras.
Aliás, tenho longas estórias com joelhos, em especial com a patela esquerda.
Beijos
Fábio Adiron disse…
Fiquei em dúvida se o ameno não foi um eufemismo e se o profano não foi um exagero.

Sem dúvida é uma outra faceta.
Alice disse…
.. além da absurda curiosidade pela imagem, só confirmei o que imginava.
A sua "seriedade" é deliciosamente divertida! que bom..rs
Que se cruzem e se descruzem muitos genuflexos..
Beijo querido!
... carinho
Alice
Unknown disse…
quanto ao eufemismo, foi não, explico-lhe o ameno...
sempre te li em post sérios e por causas sérias e responsáveis, dai o ameno, poderia substituir por ligth, ou ainda por qualquer outra palavra que definisse algo menos formal...

bijm
Fábio Adiron disse…
Mas existe causa mais séria que a do coração ?

Tudo bem...é seria e completamente irresponsável...hahahaha

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Embriaga-te de Baudelaire