A cor da vida

Mário sempre afirmava que mulher, para ele, tinha de ser loira de olhos verdes. Poderia até aceitar uma mulher de olhos azuis ou castanhos claros, mas fazia questão de evitar morenas e mulheres de olhos escuros.

Por isso ninguém entendeu quando começou o namoro com Belinda, uma mulata de cabelos negros e olhos de jabuticaba.

Verdade se diga, não durou muito tempo, mas o rompimento nada teve a ver com a coloração da moça. Mário a deixou por uma ruiva de olhos castanhos.

O namoro com Clara durou mais tempo e também acabou quando ele se encantou por outra mulher.

Isabelle era alta, magérrima, cabelos longos e muito pretos, olhos negros e fundos. Pálida, parecia um espectro ambulante a quem ele chamava de minha mulata loira.

Os amigos não resistiram e, durante uma rodada de chopp perguntaram para onde tinha ido a convicção sobre as loiras de olhos verdes.

Mário não hesitou em responder que todas as suas namoradas eram loiras de olhos claros. Não tolerava outra opção.

Perplexos, os amigos se entreolharam. Um deles pediu que Mário descrevesse as cores do vestido da menina na mesa ao lado da deles. Errou todas.

O diagnóstico foi de daltonismo profundo. Mário enxergava tudo em negativo.

A partir desse momento Mário só teve namoradas negras. Suas loiras preferidas.

Comentários

Tomando um pretinho para combinar com sua insanidade...

Bom dia!!!
spalic@gmail.com disse…
Nunca fui chegada em namorar homens que não fossem caucasianos ou no máximo queimados por causa do sol, que acho lindo! Será que preciso de um negativo?
clau disse…
Fabio, esta sua estória aqui foi im-pa-ga-vel de divertida.
Um argumento assim só vindo de vc mm: adorei este seu post!!
Ah, vou lhe mandar um sms, assim vc fica com o nosso numero de celular deste ano, ok?
Bjs!
Arimar disse…
Fábio.
Você me despertou uma dúvida cruel.
Será que meu marido tem mesmo olhos verdes?
Já marquei oftalmologista para amanhã.
Obrigada pelas grandes alertas, rs rs rs .
Beijos.

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