Sous plat
Quando acabou de abrir seus presentes de casamento Rogério olhou desapontado para Marisa. Não tinham ganho o jogo de sous plat que ele marcara em todas as listas de presentes. Marisa sorriu amarelo e disse que depois cuidariam disso. Os anos se passaram e, todas as vezes que Rogério via sous plats nas lojas dizia que ia comprar. Nunca conseguiu. Marisa sempre dava alguma desculpa para adiar a compra. Ora que não tinham dinheiro, ora alegava que recebiam poucas visitas. Mais de uma vez disse que sous-plat era coisa de restaurante, não de casa. Quanto mais adiavam a compra, mais frustrado ficava Rogério. Até pensou em comprar sozinho, mas sabia que a mulher ficaria exaltada se ele fizesse isso. As desculpas se sucediam. Num determinado momento a frustração começou a virar ressentimento. O ressentimento em ódio. Marisa achou que a distância de Rogério era infidelidade. Só podia ter arranjado outra. Começou a seguí-lo pela rua. Um dia viu-o entrando em um flat. Esse deveria ser o ninho de ...