Contículo viciosamente pleonástico
Débora o deixava cego dos olhos e maluco da cabeça. Cada vez que discutiam era como se uma hemorragia sanguínea lhe subisse dos pés à cabeça.
Nessas horas Beto saia para fora de casa com a certeza absoluta de que ela só acalmaria quando amanhecesse o dia.
Nas suas caminhadas noturnas tentava compreender melhor a pessoa humana com quem tinha decidido conviver junto. Acabava encarando de frente o fato real de era quase impossível dividir em duas metades iguais suas vidas desiguais.
Era uma unanimidade entre todos os seus amigos que Beto que não podia mais descer para baixo daquele jeito. Aquele dia ela tinha abusado, agora teria uma surpresa inesperada. Era o momento do acabamento final.
Entrou para dentro de casa pisando duro com os pés. Ia olhar com os seus olhos nos olhos dela e, se necessário gritar alto que era o fim, não havia mais elo de ligação entre eles.
Atravessando o limiar da porta sentiu na cabeça que havia uma goteira no teto. Deixou-se molhar e esfriou a cabeça.
Abriu a porta do quarto. Débora dormia com as pernas para fora do lençol. Uma última e definitiva provocação.
Resolveu comparecer pessoalmente, pensando consigo mesmo que deixaria para falar no dia, seguinte.
pleonasmo: consiste na repetição desnecessária de uma idéia.
Comentários
Parece um círculo redondo...
Beijos de sexta