Homus peruibanos e Esopo
Meu pai tem uma definição bem antiga do que ele chama do "homus peruibanos".
É um ser de estatura mediana, careca, magro porém com uma barriga proeminente, com mais de 50 anos e, geralmente usando calções no estilo bermudão. É o ser masculino típico das praias da capital da lama negra. Há alguns anos numa das suas incursões pelas artes ele chegou a fazer uma escultura em madeira desse fenótipo (na próxima vez que for à casa dele vou fotografar para vocês verem).
O mais curioso, é que os anos passam (já são mais de 30 anos que eu vou para Peruíbe) e o modelo não muda. Claro que existem também os aspirantes a surfistas malhadões, mas o padrão típico continua o mesmo. Os exemplares mais antigos envelheceram e os que eram jovens foram passando por uma metamorfose até atingir o perfil (literalmente) adequado à geografia.
Eu mesmo incorporei algumas características. Não estou ficando careca (tudo indica que nunca vou ser), sou um pouco mais alto e, definitivamente não sou magro. Por outro lado, a barriga está aqui, os 50 anos estão cada vez mais próximos e sempre gostei de usar bermudões na praia. Isso deve ser decorrência das minhas férias anuais por aquelas plagas, sou afetado parcialmente pela metamorfose.
A descrição do "homus peruibanos" me relembra sempre também uma outra aventura artística do meu pai, para reforçar, estava lendo fábulas de Esopo com meu filho e fui revirar meus alfarrábios em busca do soneto abaixo.
É um ser de estatura mediana, careca, magro porém com uma barriga proeminente, com mais de 50 anos e, geralmente usando calções no estilo bermudão. É o ser masculino típico das praias da capital da lama negra. Há alguns anos numa das suas incursões pelas artes ele chegou a fazer uma escultura em madeira desse fenótipo (na próxima vez que for à casa dele vou fotografar para vocês verem).
O mais curioso, é que os anos passam (já são mais de 30 anos que eu vou para Peruíbe) e o modelo não muda. Claro que existem também os aspirantes a surfistas malhadões, mas o padrão típico continua o mesmo. Os exemplares mais antigos envelheceram e os que eram jovens foram passando por uma metamorfose até atingir o perfil (literalmente) adequado à geografia.
Eu mesmo incorporei algumas características. Não estou ficando careca (tudo indica que nunca vou ser), sou um pouco mais alto e, definitivamente não sou magro. Por outro lado, a barriga está aqui, os 50 anos estão cada vez mais próximos e sempre gostei de usar bermudões na praia. Isso deve ser decorrência das minhas férias anuais por aquelas plagas, sou afetado parcialmente pela metamorfose.
A descrição do "homus peruibanos" me relembra sempre também uma outra aventura artística do meu pai, para reforçar, estava lendo fábulas de Esopo com meu filho e fui revirar meus alfarrábios em busca do soneto abaixo.
O lobo e o cordeiro
(fábula ecológica)
Careca, barrigudo e decadente,
um lobo dormitava o dia inteiro
eis que a motocicleta de um cordeiro
sucede de passar à sua frente.
"Como te atreves, bicho desordeiro"
uiva o lupino, arreganhando os dentes
"a pertubar um cidadão decente ?"
"De vós tal agressão partiu primeiro"
responde o cordeirinho em voz macia
"pois é tão barulhenta ou mesmo mais
vossa oficina de funilaria..."
Assim, lobos e ovelhas atuais
vão poluindo o mundo, a cada dia.
E nem falemos de outros animais !...
(Benjamin Adiron Ribeiro - 1978)
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