Uma história nada áspera

Adenilde trabalhava num salão no Tucuruvi. Fazia quase de tudo, mas sua especialidade era a esfoliação.

Não só conhecia todas as técnicas e produtos para tal prática como, apesar de sua pouca formação escolar, conhecia profundamente o assunto, ainda que esse fosse muito superficial.

Brincava que ela era a tanatopraxista das células mortas. Sua clientes geralmente achavam o termo engraçado.

As que entendiam o que era isso, não achavam graça nenhuma.

Fora do salão, era uma mulher abrasiva, o que sempre tornou difícil seu relacionamento com os homens.

Um dia estava no supermercado Ourinhos comprando produtos para produzir seus esfoliantes caseiros quando seu carrinho, numa curva de gôndola, trombou com o carrinho de Adalberto.

Vendo que o carrinho dela tinha fubá, açúcar mascavo, amêndoas, gérmen de trigo e azeite, ele perguntou que tipo de bolinho que ela ia fazer.

Ela respondeu na bucha, que estava pouco se lixando para os bolinhos.

Adalberto sorriu e antes que ela tivesse tempo de desviar dele, redarguiu que preferia que ela muito se lixasse era para ele.

Adenilde sentiu um frio todo o seu colágeno, percebendo a tonificação do rapaz.

Casaram meses depois.

A pele de Adalberto nunca mais teve manchas ou acne e Adenilde se tornou uma seda de mulher.

Comentários

Taty disse…
Tenho amendoa e açucar amascavo em casa, faltam os outros ingredientes...o problema será, se minhas 2 gatas quiserem lamber a minha pele, um homem seria melhor!
Arimar disse…
Fábio.
Que história sensível!
Quando a casal fará peeling, digo, Bodas de Diamante ?
Comemoração com Botox ?
Beijos ao leite de rosas, com protetor solar 40.
Eu bem que gostaria de encontrar um cabeleireiro no supermercado, é muito triste acordar e ver toda essa juba que mais parece uma vassoura... Tá, eu sei já inventaram a chapinha e que antes disso a gente usava ferro de passar roupa quente para alisar as madeixas...oh vida! Oh azar!!
Bel disse…
E viva os que são complementares!!!

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Embriaga-te de Baudelaire