Impossível

Ela era apenas uma imagem. Ou melhor, uma coleção de imagens que ele colecionava na memória cada vez que a via.

Ainda que ele a soubesse real, sabia que era de uma realidade impossível de ser alcançada.

As migalhas que caiam da sua mesa lhe supriam, ainda que nunca pudessem ser o bastante.

Nunca soube como foi que um certo dia ela lhe dirigiu a palavra. Mas percebeu claramente como sua voz era encantadora.

Tomou coragem e arriscou um diálogo. Sua pretensão foi recompensada com os comentários que ela fazia ao que ele dizia.

Ficaram amigos, mas ele, por mais apaixonado que estivesse, não se iludia de que pudesse ter alguma chance.

Teve. Demorou, mas teve não só uma chance, mas toda as oportunidades que o universo, em conspiração, lhe ofereceu.

Ele não perdeu nenhuma delas. E todas as noites ia dormir achando que estava no meio de um sonho.

Era um sonho. Um sonho real, palpável. Um sonho repleto de forças e fraquezas. Um sonho pleno de amor.

Ficou ainda mais surpreso quando ela lhe disse que o achava inacessível. Ele era o que ela sempre sonhara.

Decidiram não acordar mais.

Mesmo que parecessem estar acordados aos olhos do mundo. Aos deles viviam uma felicidade que não se achava em lugar nenhum.

E, por incontáveis eternidades, se amaram impossivelmente.

Comentários

Virginia Susana disse…
Dos amantes dichosos no tienen fin ni muerte,
nacen y mueren muchas veces mientras viven,
tienen la eternidad de la naturaleza...
Alice disse…
.. na eterna passagem dos dias, perto ou longe.. vivendo seus sonhos.
lindissimo Fábio!
beijo enorme
Taty disse…
Achei lindo: Ficou ainda mais surpreso quando ela lhe disse que o achava inacessível. Ele era o que ela sempre sonhara.

Beijos
Anônimo disse…
Entre os pensamentos frios, das almas frias que escondem coraçoes frios, eu me aqueci... Obrigada.
clau disse…
Me parece que estas "realidades impossiveis" tem um não sei o que de etéreas possiblidades! rss
Bjs!
neli araujo disse…
Eu gosto de vir aqui te ler! Quase não venho, mas quando venho fico horas...Adoro!

Abraço,

neli

Postagens mais visitadas deste blog

Poemeto sintagmático

Basium, osculum e suavium

Embriaga-te de Baudelaire