Cena hiperrealista

Na Praça Clóvis, Bevilacqua ainda ressonava junto ao meio fio ao som da sua orquestra de pulgas amestradas tocando um pout-pourri de Benny Goodman.

Os primeiros passantes da madrugada olhavam acintosamente a cena, o que não os impedia de lançar cáusticas bitucas nos bueiros arratazanados.

A moça de camisa rosa paramentava os abrolhos discrepantes que pendiam solertemente das vitrines da alma

Corega! Corega! Bradava Cantinflas do alto do seu tabuleiro de rapadura na esquina da Maria Quitéria.

Os janisteus cabrobravam paulatinamente os pneumáticos espreguiçantes, entre ladrilhos e abutres.

Desde a praça, ramos pendiam flácidos entre columbiformes e amorfas lagartas que atacavam vorazes as penas de morte.

Tua perplexidade diante de fatos combustíveis inexorava a multidão.

E eu saí pelas ruas em busca do tempo mordido.

Comentários

Até levei um susto com a chamada para o blog...Ufa! que bom que está tudo bem com você...sempre insano

beijo
Raquel disse…
eu já ouvi essa orquestra de pulgas amestradas,lá na Praça da Sé...faziam fundo musical,pra uma pregação sobre o livro de Jó...
clau disse…
A-do-re-i estas suas pulguinhas que, muito provavelmente, nao me causariam a minha solita alergia, sò pq compartilhamos o gosto pelo B. Goodman!!
E vai saber quem elas tinham mordido antes n'é? rss
Bjs!

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