Meio sem ambiente
Anderson era um ecologista ortodoxo e intransigente. Até seus amigos, que nutriam uma certa simpatia por suas idéias, foram perdendo a paciência com os seus exageros.
Nem mesmo a namorada, que era diretora de uma ONG que lutava contra a poda da grama em jardins, tolerou a convivência.
Seu carro, movido a energia solar, sofria constantes colisões traseiras. Apesar do adesivo que informava aos motoristas que vinham atrás que aquele veículo brecava para animais, ninguém imaginava que isso significaria paradas bruscas para a passagem de baratas e formigas.
Não comia nenhum tipo de carne desde a adolescência. Quando leu um estudo a respeito da comunicação entre plantas ficou deprimido por semanas. Quantas alfaces ele teria trucidado durante a sua vida? Quantos rabanetes não teriam sofrido mortalmente em suas mãos?
Passou a se alimentar exclusivamente de suplementos minerais e água. Começou a andar a pé. Vestia-se somente com roupas sintéticas. Só não foi viver como eremita em uma caverna pois não teria onde comprar seus suplementos.
Quando sua compleição física se aproximou do ponto de inanição a família o internou numa clínica de reabilitação onde foi forçado a ingerir uma dieta balanceada de carnes, carboidratos, açúcares e verduras.
Morreu de choque ideológico.
Comentários
Teria morrido antes do choque...
Incrível como me identifiquei com este Anderson! rss rss
Fábio, aproveito para deixar meus votos de Boas Festas, com um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, abençoados por Deus e com muita saúde, para vc, a Virginia, e mais toda a sua família, ok?
Bjs!