Im- previsões

Davam-se como o vinho e a toalha de mesa (Fabrício Carpinejar)

Ninguém entendeu quando ele entrou à esquerda ao invés da direita. Não era aquela a direção que os levaria de volta para casa.

A irmã perguntou o que é que ele estava fazendo, ele disse que estava indo até ali. Mistério.

A namorada olhou para ele com um misto de curiosidade e cumplicidade. Poderia até não saber das suas intenções mas confiava no que ele fazia.

Ele poderia até ter a intenção de surpreendê-la, mas sabia que era algo que beirava a impossibilidade absoluta.

Além de nunca terem tido segredos entre eles eram tão parecidos que algumas vezes se assustavam com isso.

Pegou outra rua que levava em direção oposta à da casa. A irmã se inquietava a cada nova troca de rota.

Ela e o cunhado tinham sido convidados para um almoço, algo comum desde que o irmão e a namorada moravam juntos.

Ele parou o carro num estacionamento. Pediu para todos descerem.

Caminharam meio quarteirão e entraram no cartório. Só a irmã e o cunhado seriam as testemunhas do casamento.

A namorada olhou para ele e sorriu. Desde que ele pedira cópia dos documentos dela e a assinatura em um papel em branco ela sabia o que ele iria aprontar, só não sabia quando.

Era como comemorar sobre o vinho derramado.

Viveram felizes para sempre com suas previsibilidades surpreendentes.

Comentários

Taty disse…
Depois de ler este texto, vou jogar fora a minha agenda. Beijos
Fábio Adiron disse…
Guarde a agenda...use-a como scrapbook
O Tempo Passa disse…
Taí, esse sou eu: surpreendentemente previsível...

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