Uma rosa é uma rosa
Fernando nunca levou a sério pessoas que fossem viciadas em qualquer coisa. Achava essa história de dependência física, química ou psicológica uma besteira. Coisa de gente fraca que não tinha autocontrole ou capacidade de gerir suas próprias vidas. Pessoas como ele não permitiam que nada fosse mais forte que a razão. Chegou mesmo a perder alguns amigos por isso. Suas críticas nunca eram leves e seus comentários, mesmo em tom de brincadeira, eram ferinos. Outros relevavam, afinal, tirando essa mania, ele não era um mau sujeito. Fernando só perdeu as estribeiras no dia em que um colega de trabalho disse que ele tinha dependência psíquica de falar mal das dependências dos outros. Para contrariar esse tese ficou mais de dois meses sem tocar no assunto. Foi nessa época que, num sábado, foi tomar chá na casa de uma velha tia que ele sempre visitava. Entre chás, torradas e biscoitos, ela trouxe uma novidade que ganhara de uma neta: um vidro de geléia de rosas. Fernando achou estranho comer fl...