Maipu 994, 2º piso, ascensor
Não há porteiro, mas há vizinhos e o coquetel que nos recebeu era em família e não a “media luz”.
Não saberia
precisar quando foi a primeira vez que me encontrei com Borges. Talvez com
Ficções que fazia parte da coleção “Grandes obras da literatura universal” que
eu devorei na minha adolescência e juventude.
Na mesma
época, a Folha de São Paulo publicou um poema inédito dele, “O deserto”, que me
marcou de tal forma que, até hoje, eu tenho o recorte do jornal.
Com o tempo
fui descobrindo o mundo através dos olhos já cegos de Borges. O Aleph, O informe de Brodie, a História
universal da infâmia, o Livro de areia, o Jardim dos caminhos que se bifurcam.
Depois todo o
resto da poesia, a começar pelo Fervor de Buenos Aires. Os textos críticos, os
seres imaginários, as palestras.
A cada ida a
Buenos Aires procurava algo novo, até o dia em que encontrei a obra completa
publicada pela Emecé. Sua eterna editora.
Depois mais
alguns livros póstumos que não saíram, originalmente, nas obras completas.
Desde sempre
foi meu autor favorito e minha inspiração de estilo para meus contos estranhos.
Qual não foi
minha emoção quando, em novembro de 2014, fomos jantar na casa dos primos
Eduardo e Alejandra que moram num apartamento que foi da avó da Virginia.
Endereço?
Maipu 994. O prédio onde morou Borges de 1944 até a sua morte em 1986 e onde,
até hoje, mora Maria Kodama sua viúva.
Eu não sabia
se me colocava de joelhos diante da porta de entrada. Ou se ficava parado
olhando para o céu esperando que um tijolo do prédio caísse na minha cabeça e
iluminasse minha literatura pessoal.
Hoje o Mens
Insana completa 8 anos. Já foi mais rico em textos, mas continua sendo o meu
espaço para escrever sobre o nada e sobre tudo.
Hoje Borges
completaria 116 anos.
A data do
blog não foi escolhida por ser o aniversário do escritor e eu não acredito em
coincidências.
O bom é saber
que ainda vou poder frequentar várias vezes esse prédio. Assim como vou
continuar sempre lendo e relendo o meu herói.
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