O discurso canalha
“O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte.” Nelson Rodrigues Desde os primórdios o homem se recusou a assumir os próprios erros. Adão disse que foi a mulher, Eva disse que foi a serpente. A serpente não tendo a quem empurrar a culpa saiu rastejando, mesmo porque não podia nem apontar o dedo nem enfiar o rabo entre as pernas por questões anatômicas. Time que perde o jogo faz a mesma coisa. Diz que a culpa é do juiz. Da torcida. Dessas regras que inventaram e, se não sobrar para mais ninguém, a culpa é do vendedor de cachorro quente no estádio que gritou mais alto na hora do chute e distraiu o goleiro. Todos são perfeitos. Todos são maravilhosos. Todos são irrepreensíveis. Como admitir, diante dessa grandeza e maravilha, que o adversário foi melhor? Claro que deve ter acontecido alguma coisa estranha. E a coisa estranha só pode ter origens exógenas ao ser impecável. Roubo, fraude, má fé, estelionato e outras desonestidades quaisq...