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Mostrando postagens de maio, 2011

Cumpleaños

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Buenos Aires, uma terça feira de manhã de um 30 de Maio do século passado. Uma menina nasce, pequena e linda. Nasce para amar e ser amada. São Paulo, uma segunda feira de manhã do dia 30 de Maio do 11º ano desse século. Uma menina se levanta, pequena e linda. Vive para amar e ser amada. Dias, meses e anos se passaram entre um 30 de Maio e outro. Viagem de navio, estudos por lá e por aqui. Muito trabalho. Filhos. O coração sempre cheio de poesia e de paixão. Encontros, desencontros, alegrias e tristezas, surpresas e decepções. Uma vida, enfim, como a vida é. Assim como a de muitos, assim como a minha (tirando, talvez, a imigração). E minha vida, à espera da paixão e da poesia, um dia, a encontrou. Pequena e linda. Para amar e ser amado por ela. Hoje, no primeiro aniversário seu, desde que estamos juntos, eu quero agradecer. Agradecer por aquele 30 de Maio em Buenos Aires. Agradecer pela viagem de navio para o Brasil. Agradecer pela sua busca de paixão e poesia. Agra

Árvore tombada

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Um velho questionamento filosófico , totalmente antropocêntrico e sem nenhuma lógica do ponto de vista da física, questiona caso uma árvore caia na floresta e não houver ninguém próximo se o som da queda existe de fato. A questão vem à minha mente quando olho para essa insanidade estática que é o blog. Se eu publicar um texto e ninguém souber disso, o texto existe? Claro que essas dúvidas só surgem quando eu estou escrevendo às 2 e meia da manhã ouvindo Duke Ellington tocando Prelude to a kiss. De qualquer forma, como eu sou um ser que acredita na validade dos testes, mesmo não concordando integralmente com os empiristas, resolvi fazer essa experiência. Esse texto não será divulgado nas redes sociais nem por e-mail para os meus amigos e inimigos. Eventualmente, como cito termos que são objeto de buscas nos gugols e bings bangs da vida virtual, algum desavisado acabará, fatalmente, caindo aqui e se aborrecendo com a imensa inutilidade que vai encontrar. O Rubicão está à m

Insânia

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Ana Maria, nem mesmo ela sabia o por quê, começou a sofrer de insônia. Custava muito a dormir e, quando finalmente conseguia, dormia muito pouco pois levantava todos os dias às 6 da manhã. Depois de semanas de noites mal dormidas seus neurônios começaram a ratear. Logo na primeira aula do dia pediu para um aluno conjugar o verbo olhar no presente do conjuntivo. O garoto, bem humorado, perguntou se ela ia dar aula de biologia ao invés de português. Sem perceber a piada, mandou o moleque parar com aquele ironismo e responder a pergunta. Na aula seguinte, para a turma do ensino médio, falou que a prova seria só de análise sináptica. Um engraçadinho não perdeu a chance e classificou uma das frases como uma oração assindética inibitória. Quando chegou na sala dos professores na hora do intervalo, reclamou com os colegas que os alunos estavam muito perifrásticos. Ninguém entendeu nada, mas a coordenadora questionou o que estava acontecendo. Ao ouvir o relato da professora d

Trilha aromática

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Todo mundo costuma ter uma trilha sonora. A música do primeiro beijo, dos momentos mais marcantes de amor, do casamento. Menos André. André tinha uma trilha aromática. Nunca esqueceu o cheiro de suco de laranja com beterraba dos tempos de bebê. Nem do primeiro pão de queijo na cantina da escola. As lembranças de sua mãe rescendiam a alho e azeite, onipresentes na sua culinária. Do seu pai o forte cheiro de café que ele fazia todos os dias de manhã. Todos os grandes eventos da sua vida estavam associados ao perfume de algum alimento. Para o bem e para o mal. Trazia vivo na memória o cheiro do palmito que sua mãe cozinhava quando o pai lhe deu a primeira surra. Nunca mais conseguiu comer um pedaço sequer. Conheceu Marina numa festa de aniversário, apaixonou-se à primeira vista devorando um brigadeiro, para ele, o verdadeiro cheiro da paixão. O primeiro beijo, no sofá da sala da menina, ficou para sempre com a lembrança do molho de tomate que a futura sogra cozinhava. Sua boca salivava ap