Baudrillard, Platão e Aristóteles
Ainda que não haja uma relação direta, é impossível não sentir uma certa aproximação entre os simulacros de Baudrillard e a mimesis de Platão (e a contraposição de Aristóteles sobre o mesmo tema). Baudrillard fala em estágios da simulação, partindo da reflexão do real, para a perversão do real, daí para a ausência da realidade básica e finalmente a completa disjunção entre o que se mostra e qualquer realidade possível. Platão, do seu lado fala da realidade una e perfeita (primeiro nível), das cópias imperfeitas feitas pelo homem (segundo nível) e da reprodução artística como a mimese do que já era imperfeito (terceiro nível). Em A República, ele usa a expressão de três graus de separação entre a verdade e a simulação. Já Aristóteles, na sua Poética, era um defensor da mimética artística que, segundo ele, tinha quatro funções: a primeira antropológica, uma vez que mimetizar é inato à natureza humana, a segunda paidêutica (educacional), pois é pela mimesis que o homem adquire seus ...