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Mostrando postagens de janeiro, 2011

Santa Julienne

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Maristela não teve dúvidas quando resolveu desmanchar o namoro com Arnaldo. Não existia amor, nem os melhores momentos justificariam continuar com aquilo. Arnaldo ficou arrasado. Estava perdendo não só a namorada mas a companheira de esportes radicais. Com quem, agora, ela poderia praticar alpinismo e caiaque? Quem estaria ao seu lado nas trilhas noturnas? Ela estava irredutível, nenhum dos seus argumentos parecia sensibilizá-la. Apelou para a chantagem emocional. Lembrou que os dois estavam inscritos em parceria num curso de windsurf. Relembrou-a dos jantares à luz de lamparina às margens do rio Tubarão. Chegou a lembrá-la que ela ia ficar sem o único massagista que tinha resolvido seu crônico problema de músculos adutores. Nada. Maristela nem piscou. Disse que nada na vida a faria mudar de idéia. Arnaldo se conformou e resolveu levá-la de volta para casa. Já na porta do seu prédio perguntou se ela queria de volta o descascador de legumes a "julienne" que ela lhe havia empre...

Sinestenoite

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Sons da noite Um motor barulhento Um vizinho espirrando Rumor de vento Sabores da noite Uma chávena de chá Lembranças de trufas Castanha do pará Visões da noite Cravos na varanda Nuvens espaçadas Falas de Miranda Sensações da noite Pasta sobre os dentes Lençóis de muitos fios Cabelo sem pente O perfume da noite De sonhos é feito Um só aroma Único e perfeito

Quente, muito quente

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Arnaldo bateu o olho na geladeira da mercearia e seus olhos brilharam: salsichas Frigor Éder, aquelas mesmas que comia na sua infância. Salsicha fresca, não aquelas porcarias de pacotinhos que continham muita soja e quase nenhuma carne. Mostrou para a namorada e disse que aquela noite ia comer cachorro quente. Marilda, que também gostava do acepipe lamentou que já tinha se comprometido com a irmã de jantar na casa dela. Fez Arnaldo prometer que voltariam outro dia à mercearia e comprariam mais salsichas. Salsichas frescas, como é de domínio público, não devem ficar guardadas de um dia para o outro e, em hipótese alguma, podem ser congeladas. Continuaram as compras e, já no caixa, Arnaldo falou para Marilda que o que ele queria mesmo era que ela fosse para a casa dele comer o seu cachorro quente. Marilda não teve tempo de responder, quando a moça do caixa falou que estava com inveja dela, bem que gostaria de comer aquele cachorro quente, até porque estava morrendo de fome. Marilda foi f...