Todo mundo se acha expert em estatística
Paramécio sofria de cibercondria, uma doença cada vez mais comum nos meios digitais. Ele era uma pessoa média, nem sempre muito ponderada, mas habitualmente bastante móvel. Sua principal margem de erro era ter alguns desvios padrões de personalidade que se manifestavam com muita frequência e que eram derivados integralmente de sua autoestima superdimensionada e do fato de nunca ter passado nas provas de matemática sem colar. Todas as manhãs acordava com dores nos quartis, o que sugeria um quadro sinóptico de inflamação da mediana. Apesar desse mal estar fora de moda, isso provocava grande dispersão de sinapses e crises de variância que eclodiam em opiononite aguda em redes sociais. Palpitava, aleatoriamente, sobre qualquer número que lia, de forma determinante. Nenhum senso crítico. Nenhuma correlação. Um hiperbólico sem efeitos de tratamento. Ignorava os intervalos contextuais, desprezava as relevâncias e, à guisa de impropério, atribuía a seus desafetos a alcunha ...