Lux in tenebris
A vida lhe parecia uma noite interminável. E, de fato, era uma noite interminável. Não que não gostasse totalmente da escuridão mas a lua era uma companhia inconstante mudando de face todas as semanas e as estrelas se tornavam mais distantes à medida que a poluição urbana foi aumentando com o passar dos anos. Desejava o sol, aquele que aparecia nas fotos das revistas com as quais topava nos becos onde se refugiava do frio, mas tudo que encontrava eram sombras e penumbra. Algumas vezes acreditou que tinha encontrado a vereda que o levaria à luz. Entrou em túneis longos e úmidos imaginando encontrá-la no final deles. Saiu de todos e cada um deles de volta ao breu. Até o dia em que chegou à conclusão que a tal vida ensolarada era apenas uma ilusão criada pela literatura e pela imprensa. E desistiu de procurar. Passou a se contentar com a aparição quase mensal da lua cheia. Nem sempre surgia, se escondendo atrás das nuvens de alguma frente fria. Eventualmente, em noites mais claras, fixa...