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Mostrando postagens com o rótulo filhos

Um deca desafio

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Para Letícia e seus desafios de métricas   Amigos, carrapatos e formigas Correndo pelos campos de Lisboa Cantaram o aniversário das cantigas E a prosa antiquada de Pessoa O estrondo sepulcral desta garoa Em meio a tantas hostes inimigas Levanta a vela e zarpa da lagoa Singrando os mares lúdicas lombrigas Quem és que assim me entrega o desafio A luta ingrata, um metro tão ecoico, Um ritmo tão lúgubre e sombrio Compor este universo paranoico? Camões a sua mão eu parodio Soneto em decassílabo heroico

Insana convidada* - A montanha negra

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  Estamos indo para a nossa nova casa. Minha mãe esteve procurando, por muito tempo, uma casa qualquer em Santinas, cidade da vovó. Mas nunca encontrava uma casa decente. Um dia qualquer do mês passado, ela recebeu um e-mail da imobiliária. Nele dizia: “Olá Srta. Marcia. Sei que está procurando uma casa em Santinas. Infelizmente todas as casas estão ocupadas. Porem temos uma proposta. Foi desocupada na semana passada a casa dos Jacobs. A filha deles desapareceu há aproximadamente um ano. Então voltaram à cidade natal. Essa casa que lhe oferecemos fica na Montanha Negra. Um lugarzinho meio frio, com neblina, mas apenas 12km de distância de Santinas. A estrada é asfaltada e muito acessível. Segue uma foto da casa... Atenciosamente                    - Fabiana. “ A casa tinha uma aparência estranha. Moderna e antiga ao mesmo t...

Com ou de camarão

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Não sou apenas um cozinheiro de domingos mas, além de outras incursões pela cozinha, os almoços de domingos geralmente ficam por minha conta. Não foi diferente hoje. O que mudou foi a discussão sintática com a minha filha. Disse que ia fazer risoto de camarão e ela insistia que era risoto com camarão. Ela não deixava de ter razão, afinal, o camarão seria um dos componentes da minha receita, mas tentei explicar que risoto com camarão poderia soar como se eu fosse fazer um risoto e, separadamente, um prato com camarão. E claro, como puxou ao pai, ela é uma menina pertinaz, não muda facilmente de opinião e, assim que viu a travessa na mesa exclamou: " - não disse que era risoto com camarão?" Abaixo deixo a receita para que cada leitor decida se é um risoto de ou com camarão Tempere 1 kg de camarões médios a grandes, sem casca, com sal, pimenta do reino branca e curry em pó. Numa caçarola derreta uma colher de manteiga, adicione os camarões. Quando estiverem corados coloque meia ...

Reprodução assexuada

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Entrei na fase da educação sexual. Sinal dos tempos modernos o assunto aparecer no livro de ciências de um moleque de 10 anos. Se assim é a realidade, vamos a ela. Era a matéria que o Samuel tinha de estudar para a prova de ciências. O livro começava pelo básico. Aparelho reprodutor masculino, com os nomes oficiais daqueles penduricalhos que ele tem entre as pernas. Aparelho reprodutor feminino, contando sobre órgãos que as meninas tem, mas ninguém vê. Tudo muito bonitinho, Testículos produzem espermatozóides. Ovário liberam óvulos. Espermatozóides são ejaculados. Óvulos caminham em direção ao útero movido por cílios. Viro a página do livro e... surge, do nada, um óvulo fecundado. E o tema passa a ser o desenvolvimento do bebê no útero. Tudo bem, talvez a escola ainda não queira falar da parte mais divertida da coisa. De repente, não mais que de repente, o assunto muda de novo. Entram em cena a camisinha e a pílula anticoncepcional. Para que serve saber o que é uma camisinha (sim, eu ...

Minha família

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Minha família é engraçada. Tem o papai, ele funga de montão. A mamãe é demais, ela até fez um fotoblog, ai, ai... eu mereço. O Samu doido que só, queria ser igual. E eu, com a minha fama de bagunceira. Um dia tentei arrumar e não funcionou. Essa é a minha família, a mais engraçada do mundo. Letícia Ribeiro (8 anos) Obs: no original grafado como "minha familha". Para quem não sabe, Letícia é a minha filha.

Minhas férias

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Eu me lembro muito bem. Todo março e todo agosto a primeira lição de português era a fatídica redação : Minhas férias. Não sei quantas eu tive de escrever na marra. Quantas eu enrolei tanto quanto podia. Agora chega o meu filho de 10 anos e, sem que ninguém tenha pedido (aliás, nem acabaram as férias), ele pega o seu caderno e escreve a respeito dos dias que passamos num hotel em Itapira. O texto abaixo é a transcrição letra a letra do seu texto. Não, ele não fazia a menor idéia de como se escrevia Snooker. Minhas férias - Fazenda Águas Claras por Samuel Adiron Eu fui com a família na Fazenda Águas Claras. Lá existiam muitos cavalos Eu e a família adoramos viajar, e com muitas emoções. Lá descobrimos muitos pés de café. Eu, papai e a Letícia fomos andar de cavalo. Aí eu, a família e mais visitantes andamos de caminhão. Durante a noite a gente contou estrelas. A gente foi no passeio da floresta. Eu brinquei de 2 jogos: ping-pong e o esnuquer. A gente foi pescar. Eu, a mamãe e o papai t...

Camarão conquetivé

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Sábado passado tirei do freezer um pacote de camarões. Sem saber exatamente o que iria fazer com eles no domingo. Como o meu dia acabou ocupado por outras atividades que mereciam mais atenção que os crustáceos e, no domingo de manhã fui para a Igreja, encontrei os decapódes me esperando na pia. A primeira idéia foi fazê-los à dorê. Mas eram de tamanho médio e estavam sem cauda. Desisti. E fui fazer uma pesquisa na minha caixa de temperos e na geladeira. Temperei os malocostráqueos com flor de sal e pimenta do reino. A Letícia veio me ajudar e pedi que ela misturasse uma colher de chá de curry em meia xícara de café de azeite que derramamos nos bichinhos. Com um pouco mais de azeite e flocos de alho eu refoguei os artrópodes numa caçarola. Quando já estavam cozidos coloquei uma meia garrafinha de leite de côco que estava perdida na geladeira. Deixei reduzir, chequei o sal do caldo. Aí cozinhei um pacote de rottele (aquele macarrão que parece uma roda de carroça), adicionei o molho de c...

Panis non conficitur sine farina

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Para a Claudia, pela receita e para a Virginia, pelo poema Meu leitores mais assíduos conhecem meu relacionamento tumultuado com os pães . Não é de hoje, e tão pouco de ontem que eu me aventuro na arte da panificação com resultados variando da mediocridade intolerável ao desastre hecatômbico. Ja tentei as mais diversas receitas. Mais simples, mais complexas. Usando óleo, usando manteiga, usando banha. Fermento biológico, fermento em pó, só faltou usar fermento inativo. Já estava decidido a me recolher à minha panifícia ignorância e me limitar a fazer pão de queijo (que, por sinal, não usa fermento) quando me convenci de que a esperança é a última que morre. Desde junho do ano passado eu tinha guardado uma receita que a Cláudia publicou no seu ótimo "...pro mnesis", que ela chamou de pão perfeito . Não sei se foi especialmente dirigido para mim, mas esse mês ela publicou outra receita chamada "pão à prova de qualquer desastre" e eu afirmei que, no meu caso, isso não...

Concorrência desleal

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Enquanto eu me esfalfo cotidianamente para escrever, publicar e divulgar os meus textos, meus filhos me passaram a perna e já foram editados. Que geração.... Recebi ontem o meu exemplar do livro "Poetas do Batista" (no caso, o Colégio Batista Brasileiro onde eles estudam) editado pela e-Leva Cultural. Pior que não é a primeira vez... Quando publiquei um poema dadaísta do Samuel ele bateu todos os recordes de leitura do blog... O leão Letícia Ribeiro - 2o ano Lá na escola eu vi um leão no chão Seu rosto tinha um bocão Estava comendo macarrão e feijão com pão Que era o lanche do João. O lobo e o filhote de homem Samuel Adiron Ribeiro - 4o ano Era uma vez um lobo Cuidando do seu filhote de homem Enquanto Mogli viu a pantera Ele viu o urso, o macaco e o elefante Ele estava cantando tão forte Que o chefe disse meia volta volver Quando ficou muito escuro Ele viu o tigre, o urubu e a cobra O mato cresceu ao redor.

Um fim de semana simples

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Há muitos anos eu passei por uma cidadezinha à beira da estrada e achei que ela tinha uma cara muito simpática. Estava voltando de Paraty (também simpática) para casa e não deu tempo nem de parar. Mas fiquei com vontade. Na época cheguei a pesquisar algo a respeito dela, mas não surgiu a oportunidade. Recentemente ela me voltou à lembrança, pensei em ir para lá numa das minhas curtas escapadas de Julho, mas fiquei com a impressão que as crianças não aproveitariam muito. Acabei deixando para a comemoração do meu aniversário. Seria só um final de semana, se não gostassem nem daria tempo de perceber. É um lugar muito simples. A primeira impressão da Letícia, olhando a cidade do alto do morro, à beira da estrada, foi péssima : ´"só tem casa velha....e não tem nenhum prédio". Chegamos à pousada em que ficamos. Também um lugar simples. Muito bonito, mas sem aquele monte de atrativos infantis. O quarto amplo, as camas confortáveis e um delicioso chá da tarde nos esperavam. Mais que...

As peruas dos Backyardigans

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Ah as férias de julho... sempre me trazem boas recordações. Bons tempos aqueles em que eu podia me esquecer de qualquer obrigação. Ah as férias de julho... agora como pai, com duas crianças cheias de energia em casa, tenho de inventar algum tipo de programa para que nenhuma das partes (pais ou filhos) enlouqueça. Infelizmente não dá para escapar um mês todo, como faço no verão (meu tipo de trabalho ainda permite essas coisas, pois nada acontece em Janeiro), então sobram algumas fugidas rápidas de 4 ou 5 dias cada...e mais vinte e poucos dias tentando inventar atividades. Tente imaginar o que é ir a um show dos Backyardigans numa sexta feira à tarde no Credicard Hall em São Paulo...nada contra o show, que até estava divertido, mas o público.... Nesse local, nesse horário, só mesmo quem estava desocupado (ou fugiu do trabalho como eu), a saber : um monte de crianças com idades variando de zero a doze anos, muitos avôs e avós, uma multidão de babás parecendo um corpo de paramédicos (por...

Atendendo a pedidos

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Depois de muitos anos sem participar de competições (ou participando e não ganhando nada), esse ano já fui contemplado com dois troféus. O primeiro foi um Prêmio Abemd , concorri pela primeira vez e, junto com a Gestão Mais num trabalho para a Foot Company , ganhamos ouro. O outro foi minha vitória num torneio de arco-e-flecha do Rádio Hotel de Serra Negra, que já contei aqui . Vitória que, se não fosse pela presença da Andréia na premiação, teria sido desacreditada por muitos. Para que a foto ficasse completa, não deixei de colocar meu capacete de penacho, recebido por ter sido nomeado Cavaleiro Violeta da Ordem do Fundo do Nosso Quintal. Honraria concedida exclusivamente a pais que levam os filhos no show dos Backyardigans Na mão direita o troféu de arco-e-flecha, na esquerda o prêmio Abemd (que, coincidentemente, também é uma flecha...ando bem de alvos) e na cabeça meu capacete de cavaleiro.

Pinheiro, pinha, pinhão

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Uma das descobertas das crianças na nossa viagem recente a Campos do Jordão foram os pinhões. Estavam em todos os cantos, pelos gramados, pelas estradas, no teto do chalé... e o mais impressionantemente - era vendido por ambulantes na beira da estrada (quem é que precisava pagar por eles se era só ir catando pelo caminho?) Quando souberam que aquilo era comestível resolveram colher, ou seja, voltamos para São Paulo com quase um quilo de pinhões. O pinhão é a semente (e não o fruto) do pinheiro que se forma dentro da pinha. Nos meses de maio e junho, no tardar do outono as pinhas das araucárias estouram ao sol do meio-dia, possivelmente como reflexo da dilatação havida depois de uma noite e manhã fria. Além do ser humano (descobrimos que era comestível com os índios guaranis) e quase todos os animais se alimentarem desse pinhão, o serelepe e a gralha azul costumam conduzi-los a grandes distâncias e armazená-los, o que fazem enterrando grande quantidade de pinhões no solo os quais, send...

Foi só pegar na cavaquinha

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Já vou começar avisando que cavaquinha não é a versão feminina do cavaquinho. Cavaquinho é um instrumento cordofone de 4 cordas e 17 trastes. Já a cavaquinha é o nome popular de algumas espécies de crustáceos decápodos da sub-classe pleocyemata. Tem o aspecto de um lagostim (parece um grande camarão com quelas, que são aquelas duas garras maiores do primeiro par de patas). Isso esclarecido, vamos ao que interessa. Aproveitando que tinha no freezer 3 caudas de cavaquinha, resolvi enfrentar mais uma vez o fogão, tendo a companhia da minha cuca auxiliar Letícia. O cardápio proposto foi cavaquinha e risotto. Fase 1 : os preparativos A pior coisa para um cozinheiro é lembrar no meio da confecção de um prato que esqueceu de separar algum ingrediente. Pior, ter de parar a execução para procurar onde está aquele tempero especial e descobrir que não tem mais. Aí dá-se a boa e velha desculpa do improviso, também conhecido como quebra-galho ou gambiarra. O resultado final costuma ser duvidoso. C...

De Adiron para Adiron desde 1890

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Me lembro que quando estava no 2o ou 3o colegial fiz um trabalho sobre o movimento dadaísta e me encantei com a sua total insanidade. Tzara e Duchamp continuam sendo modelos para esse blog. Na lição de hoje do Samuel (4o ano, que significa a nossa antiga 3a série) , ele precisava escrever um poema dadaísta (mon Dieu de la France...o que ele não vai ter de fazer com 20 anos ?!?), tomando como referência um poema de Kassak "Die Schlacht (A Batalha)* "Berr... bum, bumbum, bum... Ssi... bum, papapa bum, bumm Zazzau... Dum, bum, bumbumbum Prä, prä, prä... râ, äh-äh, aa... Haho!... (Ludwig Kassak) Resolvi publicar aqui a primeira insanidade do meu filho : A chuva Ho ho ho ho ho ho ho ho ho cabrum...cabrum... tr..tr..brum... ti...ti...ti...ti...ti... ti...ti...ti...ti...ti... (Samuel Adiron) Segue a seguinte legenda que ele mesmo colocou : Ho ho - vento Cabrum - trovão tr...tr.. chuva fraca ti...ti... pingos de chuva *Recomendação importante, o texto de Kassak deve ser lido em ale...

O pão que o insano amassou

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Minha avó materna, a Maricota, era uma excelente cozinheira. Aprendi várias coisas com ela, as que cheguei mais perto foram o seu capeletti (sim, quando baixa a inspiração eu faço massa de macarrão) e o molho ao sugo. Nunca aprendi fazer os seus doces, mesmo porque não sou um consumidor ávido de açúcar e admito meu egoísmo em me dedicar mais às coisas que eu gosto de comer. Uma das suas especialidades era fazer pão caseiro. Foram raras as vezes que eu cheguei na sua casa e não tinha um filão de pão na cozinha. Casca dura o suficiente para ficar crocante e miolo macio. Quando dava a sorte de pegar o pão saindo do forno era uma festa. Dava para comer puro que já era ótimo, com uma boa talagada de manteiga (claro, a manteiga era a Aviação de latinha) era de se comer de joelhos em reverência ao mesmo. Mas o que ela gostava mesmo era quando eu aparecia durante a preparação do pão. Ela entrava com toda sua experiência em fazer pão e eu entrava com o braço para sovar a massa. No fim da histór...

Eu bebi a água do Tietê

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Sábadão de manhã, as crianças ficam por minha conta. Cada sábado invento uma aventura diferente. As lições de casa sempre são uma fonte de inspiração, nesse caso havia um cartaz a ser feito a respeito do Rio Tietê (também conhecido em São Paulo como esgoto a céu aberto). Claro que eu poderia ter feito uma caminhada até a ponte da Casa Verde que fica aqui perto, ter tirado umas fotos e resolvido a questão. Mas quem disse que eu gosto de coisas simples e sãs ? Vamos para Salesópolis. Se você não sabe, Salesópolis é uma metrópole (tem só 2% da sua área total como área urbana) com um pouco mais de 15 mil habitantes e que fica a cerca de 100km de São Paulo. A cidade é internacionalmente famosa na região do Alto Tietê como sendo o local onde está a nascente do Rio Tietê, além disso, também é onde nasce o Rio Tietê e complementarmente tem como ponto turístico o parque da nascente do Rio Tietê. A saída de casa é tranquila, boné, garrafa de água, dinheiro para o pedágio e outras besteiras. São...