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Mostrando postagens com o rótulo língua portuguesa

Tautogramas temerosos

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  Picardias polissêmicas de Paracleto permaneceram pisoteadas por profusos picarescos pintassilgos.. Quem quereria quebrá-las quando querências qualificadas questionavam quocientes? Recordei-me rapidamente raros relacionamentos recônditos. Somente saberia simular situações sorumbáticas se sentisse sonolência sincrética.

Um estranho pretérito

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  Para mim, um dos mistérios mais inescrutáveis da nossa língua sempre foi a existência de um tempo verbal que atende pela alcunha de futuro do passado (ou do pretérito, que é exatamente a mesma coisa). Conheço muitas pessoas que sofrem de acrasismo*, outras de hipercrasismo*. Outros que vão de encontro a, quando deveriam ir ao encontro de, e vice-versa. Alguns acham que nunca veem o que esperam quando eles vêm assistir ao espetáculo da última flor do Lácio. Também, quem mandou que ela fosse burra e bonita? Eu sobrevivo bem até diante das mesóclises e não sofro com os verbos defectivos. Agora, futuro do passado? O que exatamente isso poderia significar? Mas, como diriam as organizações Tabajara, os meus problemas estão resolvidos, depois de ler alguns textos que circulam nas redes sociais, especialmente aquelas dedicadas ao público corporativo. Em um texto publicado nessa semana (portanto, ao apagar das luzes de 2021), o autor informava que até 2020 (sic) o Brasil deveria s...

Soneto do lugar comum

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  Eu caminhava em busca de um propósito Que tornasse   a minha vida disruptiva A coach me atendeu toda festiva A polímata pedia de um depósito   O valor era um imenso despropósito Mas ela retrucou bem assertiva Clamou de forma doce e emotiva Usando a resiliência de um compósito   Construiu-se a nova narrativa Pertencimento e ressignificação Empreendendo meus últimos tostões   Hoje clamo pelas redes, compaixão, Empatia me sugerem aos borbotões E uma vida mais contemplativa

Vamos ispicar ingrês

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Imagem de um porco fingindo ser erudito Juca aplicou uma enrolação para o famoso colégio Imperial de Londres quando realizou que não poderia pretender esconder muitos de seus costumes com medicinas. Exitou (sic) em mencionar suas convicções, por mais valorosas que fossem, especialmente quando tinha sido prejudicado pelo coronel. Adepto de argumentos antecipou as suas apologias cheias de apreciação. Ele que sempre atendera muitas leituras e suportara com seu patronato a livraria local e devolvera toda a fábrica de novelas, eventualmente. Seus parentes nunca intenderam sua sensibilidade e assistiram casualmente a queda da sua confidência e comodidade diante da competição. Ele sabia que estava equivocando sua graduação, plena de gratuidade, sem nenhuma ingenuidade. Prescreveu-se particularmente e retirou seu resumo dos recordes e dos requerimentos, sem reclamar nada. Acabou o dia comendo uma pasta cheia de preservativos no lanche.  

A imprecisão da assertividade

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Quantas vezes você ouviu ou leu a palavra assertividade (ou assertivo) nas últimas 24 horas? Caso tenha sido menos de uma dúzia de vezes, imagino que você seja uma pessoa reclusa que prefere ficar com seus livros e seu gato a ler jornais, revistas e navegar nas redes sociais. Até porque o uso da palavra se disseminou em todas as direções possíveis e o vocábulo virou sinônimo de todas as palavras da língua que tenham alguma relação com esforço, motivação, precisão e, pasme, correção e acerto (alguns chegam ao cúmulo de grafá-la como “acertividade”). Eu tenho problemas com buzzwords, ou como dizem os millenials, as modinhas. Quando um termo (sigla, palavra, expressão) começa a ser repetido à náusea, eu fujo dele. Vade retro, como diriam os exorcistas da idade média. Ao mesmo tempo, sou um curioso e gosto de aprender. Então fui atrás das definições corretas da palavra. Consultei as melhores fontes que conheço em 4 línguas (veja abaixo) e concluí que: Assertividade tem a ver com respon...

Admistão defectiva

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Para o Jayme Serva que deu o mote  Caso eu te aborra ao escucir-me pelos seus corpúsculos borralhos , não deixe que o meu fretenir dele os seus pensamentos, são apenas o meu jeito de aprazá-lo. Caso tenha haurido sua eupatia, ao menos fornirei silogismos que buam suas afecções já comburidas. Se eu soesse embaí-lo, aduciria, ou mesmo condiria, as suas érebas conjecturas. Não garras tu, nem anada vagidos com o intento de susquir-se enquanto te aso. Eu demulcirei sua obduração e o seu jungido ao ponto de aducí-la. Lenirei sua crimeza acupremindo sua febra. Cada ansa de exir languirá seu âmago e adurirá seus tegumentos, pertransirá seu revelidos e exinanirá seus fados. Não me preclua, nada me monirá. Aqueles que estreseriam uma sazão sem nada adir, fremerão estanguidos até seu relinquir cabal. Se seu anelo for estresir minha nução, terá de moquir o que o jurupari amarfanhou. Sei que transirá minha disquisição como quem gorne eructações branquidas. Não irei gualdir meus ensejos ne...

Um deca desafio

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Para Letícia e seus desafios de métricas   Amigos, carrapatos e formigas Correndo pelos campos de Lisboa Cantaram o aniversário das cantigas E a prosa antiquada de Pessoa O estrondo sepulcral desta garoa Em meio a tantas hostes inimigas Levanta a vela e zarpa da lagoa Singrando os mares lúdicas lombrigas Quem és que assim me entrega o desafio A luta ingrata, um metro tão ecoico, Um ritmo tão lúgubre e sombrio Compor este universo paranoico? Camões a sua mão eu parodio Soneto em decassílabo heroico

Poemeto sintagmático

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Ana lê sem tática Orações descoordenadas Que seu avô, cativo, Apostava restritivas Detido pelo agente da passiva Por contravenções sindéticas Adverbiou-se subordinado Ante seu adversativo sujeito Sou objeto sem predicados E denoto complementos Ad-hoc e ad-nominais Sem caráter explicativo.

Contículo diacópico

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Amargo, o inefável chá amargo que me fora servido entre tantas e outros tantas beberragens caíram-me no esôfago, meu pobre esôfago, como se fossem litros de ácido, sulfuroso ácido. Eu que, camonianamente cantava o amor, tão puro amor, comecei a retorcer-me em convulsões atrozes, mais que atrozes, formidandas. Olhava-me no espelho, um deteriorado espelho que colocaram diante dos olhos, meus castanhos olhos e só via minhas rugas se multiplicando em mais rugas. Debalde buscava um paliativo de boldo, ou algo similar a boldo mas só me esbaldava em gemidos. Reminiscências álacres, reminiscências márcidas, reminiscências estranhas açodavam minha memória, cada dia mais fraca memória. Subitamente ela entrou. Subitamente lançou sobre mim seu olhar, delicioso olhar e, como num passe de mágica, fez-se a mágica da regeneração completa do meu ser. Nunca mais amargo chá. Nunca mais amargo boldo. Nunca mais amarga vida. Diácope é uma figura de linguagem que consiste na repetição da m...

Esplênio em distensão

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Tária não era exatamente uma mulher qualquer, especialmente quando tornava-se imperativa. Combatia ferozmente as mesóclises sem futuro, atribuindo-lhes ênclise quase que subjuntivamente exaltadas. O infinito pessoal preposicionado chegava a lhe causar engulhos nada relativos. Seus amigos eram apenas demonstrativos oblíquos quando lhe acometiam acessos subordinativos. Com o tempo foi se tornando (ou tornando-se) uma louca varrida com piaçava flexionada em átonos. Educadora que era, reconhecia sua queda para o segundo, uma vez que não suportava estar acima dos quintos. Debruou-se laminarmente com o verbos defectivos aplicando emplastros repletos de cânfora. Passou a perambular pelas ruas bradando metilas descompassadas. Louca, louca, louca Tária. Conquistou meu esplênio em pleno inverno. Acalminou-me de forma quente e apaixonada. Louca Tária. A mulher que descontraiu as minhas mais profundas estruturas

Português pós-moderno

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O prefixo "equi" tem originalmente o sentido de plano, justo, liso. Na língua portuguesa indica coisas iguais ou muito similares, como podemos notar em palavras como equilátero, equidistante e o verbo equiparar. Quando queremos nos referir a algo que é diferente usamos outros prefixos como "para" (paradoxo, paródia) ou o mais radical "anti" (antitetânica, antítese). Isso posto, gostaríamos de revisar algumas definições que os nossos dicionários teimam em publicar de maneira errônea: Equino : se refere a cavalos da mesma espécie. Dois cavalos árabes são equinos. Um cavalo árabe e um quarto de milha são apenas paraquinos Equipe : grupo de pessoas que se reúne para praticar um esporte ou alguma atividade competitiva. São consideradas equipes de verdade todas aquelas formadas por pessoas iguais. Os tenistas Bob e Mike Bryan, tenistas gêmeos, são uma equipe. O time do Corinthians, pela sua diversidade é uma antiquipe. Équidna : um ser muito estranho e quase ú...

Linguagem do amor

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O professor de morfologia estava no meio da aula quando Rebeca percebeu que Antonio olhava fixamente para ela . Ela corou, mas não conseguiu disfarçar que também gostava dele. Quando a aula acabou, ele a convidou para tomar um café na lanchonete da escola. Passaram o resto da manhã conversando sobre desinências. Ele a levou para casa e antes de se despedir declarou seu amor radical pelos seus afixos. Ela o beijou com uma vogal de ligação. A cada encontro conheciam-se mais. Trocavam receitas mesoclíticas de sopa fria de cenoura com gengibre, entre orações coordenadas e assindéticas. O romance se aprofundou em outras línguas. A primeira vez que ficaram juntos alternaram momentos de furor apaixonado com as funções dos substantivos, advérbios e adjetivos apostos aos verbo to be. Como denotavam uma existência perfeita a dois, juntaram suas polissemias e casaram-se com a mais correta entonação. Amavam-se de forma articulatória e nunca perdiam a oportunidade, fosse verbal ou no...

Quase pornográfico

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Ela me estorcegava durante a isagoge e mesmo que eu fosse zafimeiro me deleitava em seus manticostumes. Tentado a acobilhá-la sobre a retouça do estau enquanto ela, como acontista, me debulhava em sua liconomancia. Alcançamos o alcantil sem mangrar macrósticos veventes. Nenhum mesto nos contraminava. Nenhuma incha nos provocava dipsomanias. Perdi-me em aravias que nenhuma estigmologia desencriptaria, depois que ela ustulou deixando-me quase abléfaro. Mesmo assim não me deixei cair em oscitação durante o ginge. Ela me tocou com sua tubigeira e alternei-me entre o zureta e o abnóxio. Zumbri-me sobre ela em meio a acrotismos sécteis. Minha iscnofonia impedia a osfresia do meu parálio. Pervenci a polografia sampando ancilas em truz. O bambaré do períbolo indicava ergasiotiquerologias infundibuliformes. Retornei ao cuvico tanado, empazinei-me de munícios de forma bíbula e curti minha heliopatia sob a corneíba

Insânia

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Ana Maria, nem mesmo ela sabia o por quê, começou a sofrer de insônia. Custava muito a dormir e, quando finalmente conseguia, dormia muito pouco pois levantava todos os dias às 6 da manhã. Depois de semanas de noites mal dormidas seus neurônios começaram a ratear. Logo na primeira aula do dia pediu para um aluno conjugar o verbo olhar no presente do conjuntivo. O garoto, bem humorado, perguntou se ela ia dar aula de biologia ao invés de português. Sem perceber a piada, mandou o moleque parar com aquele ironismo e responder a pergunta. Na aula seguinte, para a turma do ensino médio, falou que a prova seria só de análise sináptica. Um engraçadinho não perdeu a chance e classificou uma das frases como uma oração assindética inibitória. Quando chegou na sala dos professores na hora do intervalo, reclamou com os colegas que os alunos estavam muito perifrásticos. Ninguém entendeu nada, mas a coordenadora questionou o que estava acontecendo. Ao ouvir o relato da professora d...

Panis non conficitur sine farina.

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Maria minha broa Há dias que você não aparece na minha padaria e meu pumpernickel está muito sovado com saudades da sua focaccia. Você sabe que és para mim mais que uma miga, é o croissant dos meus olhos e o vienoise dos meus desejos Lembro do dia que lhe dei aquele brioche e você não deu batata para mim. Não me queijo. Depois te conquistei de forma e integral. Minha baguete anseia pela sua ciabatta, não se faça de banha que o tempo pode ficar preto. Quero de novo beijar seu chapati e mordiscar suas bisnaguinhas. Me disseram que andas com um francês, mas eu te vi mesmo foi com aquele cacetinho gaúcho. Que raiva! se você não voltar, passo minha bengala em ti, sua pita. Manuel

Um dia crítico

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Gianluca tinha acabado de sofrer um grande revés. Depois de anos trabalhando fielmente para a mesma empresa fora demitido sumariamente por mascar chiclete na porta do banheiro feminino. Sua nova chefe era uma feminista radical e entendeu que aquela atitude configurava assédio sexual à estagiária que saia do banheiro no exato momento em que ele estourava a bola da goma de mascar. Além do desemprego ele teria de enfrentar a penúria. Demitido por justa causa não iria receber um centavo de direitos trabalhistas. À medida que caminhava para casa pensava em como explicar a situação para a mulher. Ana era amorosa e compreensiva, mas será que seu argumentos a convenceriam que não estava abordando outra mulher? Como explicaria a demissão? Resolveu preparar o espírito de Ana. Enviou um torpedo dizendo que tinha más notícias. Ela respondeu cheia de interrogações. Disse que tinha sido demitido. Em segundos seu celular tocou. Contou parte da história, omitindo a cena do chiclete. Queixou-se da inju...

Uma perca de menas

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Perca é a denominação de qualquer espécie do gênero-tipo dos percídeos, como, por exemplo, a Perca fluviatilis que você vê à sua esquerda. Dizem que é um peixe excelente para um bom assado e que seus filets também podem ser feitos em alcaparras ou à milanesa. Algumas percas são tão espertas que chegam mesmo a inovar a língua portuguesa, como bem descobri hoje ao ler um texto onde uma pessoa lamentava a perca total de audição de um dos seus alunos. No começo fiquei sem entender o que o peixe fazia no ouvido do garoto, até que caí na real. Como se tratava de uma professora, profissão pela qual nutro o maior respeito, conclui que eu vivi quase 50 anos sem saber que existia o verbo percer (ou será o verbo percar?) Eu perço, tu perces, ele perce, nós percemos (não confundir com percebemos que é o pretérito infinitivo do subjuntivo), vós perçais, eles percem. A minha perca de conhecimentos só não foi menas importante porque sempre deixo a porta da minha mente meia aberta. A partir de...

Altaminaro que o diga

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Godofredo armava outro desar brandindo o pestilo banhado de cauim. Ronronava um aboio entre as aldrabas e defenestrava verrumas. Depois da ceata que tivera ficou pernóstico e nem ligava para a atocia da mulher. Se precisasse dava uma escapa aninda que isso prejudicasse sua cistocele. De aziúme, fez uma bodocada sobre Abelardo que, mais mucudo que Godofredo, aplicou-lhe um piparote Obturado pela desfeita lancetou seu êmulo a ponto de deixá-lo álalo. Foi necessária a intervenção da marani féerica para cernir a inana. Tudo foi descrito em predelas que se encontram no museu de Abidos. Altaminaro Nunes Pereira foi fundador da Academia Brasileira de Filologia

Perde-se muito na tradução

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Sempre fiquei em dúvida se 20th Century Fox queria dizer a vigésima raposa do século, o século da vigésima raposa, a raposa secular do vigésimo (vigésimo o que? andar?) Essas construções sintáticas complexas em outras línguas sempre confundiram meus neurônios. Essa semana li uma frase que me soou completamente surrealista, mesmo assim tentei chegar ao âmago do seu sentido profundo. A frase que eu li dizia o seguinte: A musketeer who's trying to tango with blades, crazy, isn't it? Comecei a imaginar possíveis versões Dançar tango usando facas loucamente é coisa de mosqueteiro. A mosqueteira foi esfaqueada dançando tango com um louco O tango emosquitado é uma loucura afiada Faca e tango só o louco do D´Artagnan Fez picadinho de mosquito para o homem que se achava Gardel O louco esfaqueou o mosquiteiro ao som de La Cumparsita Tentativa de tango no mosquiteiro acabou em facadas insanas Nenhuma e, ao mesmo tempo todas as traduções me fizeram sentido do ponto de vista semiótico, mas...

Contículo aliterado

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Em horas inda louras, lindas e lentas discutia duramente discursos dissonantes. Ela, lógicamente, levou os lauréis lógicos com branda brincadeiras nada burocráticas. Aliterava literalmente a letra litúrgica e, entre as vindas vendo varandas vazias me convenceu. Só gente genial pode homanegear as janelas do idioma, pátrio, profano ou até picaresco. Depois me disse docemente declarações de amor com ardor e sem temor. E beijou-me junto ao junco do janeiro findado e fugaz. Apaixonei-me perdidamente por perfeita pessoa. E me fundi numa felicidade infinita finalmente. Aliteração é uma figura de linguagem que consiste em repetir sons de sons consonantais idênticos ou semelhantes em um verso ou em uma frase, especialmente as sílabas tônicas.